08/12/2009

Está escuro o dia todo...

O dia todo também não, mas quase. Hoje, por exemplo, o sol nasceu às 8:40 e pôs-se às 15:01, segundo a meteorologia daqui. Fica escuro muito cedo e a não ser que se esteja ocupado com alguma coisa tipo escola, trabalho ou assim, custa um bocadico...

Esta foto é do jardim aqui ao pé de casa. As árvores na rua já estão cheias de luzes e é uma imagem muito bonita de se ver quando está escuro.
Aproveitem o sol por aí!

03/12/2009

Esta é a vista da minha janela

Não, não é neve. É geada e ontem foi o mesmo e não desaparece, nem com o sol (não que ele se deixe ver muito tempo). Está mesmo frio! brrr...
No ano passado foi pior: por esta altura já eu estava farta de neve. Mas este ano acontece mais tarde. Talvez no fim de semana.
Já há que tempos que não escrevia nada aqui. Vou ver se escrevo alguma coisa todos os dias, para não vos deixar às aranhas a pensar que desapareci. Nem que seja só uma fotografia. Entretano, também chega o dia 23 e depois já aí estou.

Aqui ficam mais algumas palavras em Sueco, desta vez, mais natalícias:

julgranne = iúlgrane = árvore de Natal
pepparkakor = pépar cácor = bolinhos de gengibre jullov = iúl lov = férias de Natal

Deixo-vos ocm amizade, como dizia aquele senhor dos anúncios do yogurte da yoplait. *

16/10/2009

Indignação

Costumo dar uma olhadela pelo site do Sapo todos os dias para saber o que se vai passando por aí. De vez em quando aparece alguma notícia cujo título me interessa, porque é novidade ou porque relata algo relacionado com a minha situação actual ou recente. De vez em quando leio o artigo e quase sempre me espanto com os comentários que as pessoas escrevem à notícia. Ora porque são completamente fora de contexto (algumas pessoas simplesmente não conseguem evitar relacionar tudo com o futebol, a homossexualidade ou a profissão da mãe deste e de outro) ora porque os comentadores simplesmente adoptam uma atitude de que todos são um bando de queixinhas e que por isso é que o país não avança ou a atitude oposta. Sinceramente, desagrada-me e muito.
Primeiro que tudo, se a notícia fala de estudantes universitários o que raio tem esse tema a ver com futebol ou homofobia ou a profissão da mãezinha??? Por que carga de água se descamba para uma lista de agressivos incentivos ao trabalho dando a entender, curiosamente, que o/a autor(a) é na realidade ele/a mesmo/a um(a) queixinhas que é o/a único/a que trabalha e contribui activamente para a sociedade?
Não percebo! Simplesmente não entendo! E na maioria das vezes dou só uma vista de olhos pela notícia e evito ler os comentários dos cidadãos porque sempre que o faço fico com má disposição cerebral.
O artigo de hoje foi este, que fala sobre a situação desesperada de alguns estudantes universitários. Nada de errado com o artigo: curto, conciso e directo ao ponto. Agora os comentários...
Dizer que se não se tem dinheiro não se devia estudar, mas sim ir trabalhar para pagar os estudos soa muito como um comentário de alguém cujos pais pagaram tudo ou então não sabe bem como funcionam as coisas quando se é trabalhador estudante. Para além disso, até existe uma coisita pequenina não muito importante chamada Declaração Universal dos Direitos do Homem cujo Artigo 26º, ponto 1 diz e cito: Toda a pessoa tem direito à educação. E mais à frente no mesmo artigo e no mesmo ponto diz e, mais uma vez, cito: (...) o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
Há alguém que, ainda assim, se atreva a dizer "se não tens dinheiro não devias ir estudar"? A questão é que todos temos o direito a estudar seja porque queremos ter uma profissão, porque não conseguimos fazer mais nada da vida nesse momento ou porque simplesmente desde dos cinco anos de idade queríamos ser médicos, bailarinos, padeiros ou economistas. Não interessa qual a razão! Todos temos esse direito!
Falando daquilo que conheço, sei que há muitos estudantes universitários cujos pais não têm possibilidades económicas de os ajudar e que portanto passam por muitas dificuldades para pagar a renda, as propinas e a comida ou então trabalham várias horas por dia acabando por não ter possibilidade de ir às aulas nem ter tempo nem energia para estudar depois de um dia de trabalho.
No lado oposto estão os que os pais lhes pagam tudo e não fazem nenhum, passando os dias em casa e os serões nas bebedeiras, acumulando matrículas e estatuto na praxe. Conheço pessoas em ambos os casos se bem que devo dizer que o último caso é mais comum ou pelo menos mais visível já que os que têm mais dificuldades geralmente não desperdiçam muito tempo com eventos sociais, não se mostrando tanto. Mas nem tudo é ou branco ou preto; também há muitos casos cinzentos!
Depois temos aqueles que usufruem do que não lhes é destinado através do recebimento de bolsas e outras ajudas das quais não necessitam (como épocas especiais de exames, estatuto de trabalhador-estudante tendo um trabalho fictício arranjado pelo paizinho e que quase custou o emprego de outra pessoa ou até mesmo recebendo bolsa de estudos máxima porque os pais só declararam metade do ordenado).
Tudo isto a adicionar ao facto de que o governo desperdiça o dinheiro de todos os contribuintes em computadores para caxopos em vez de simplesmente equipar melhor as escolas ou de introduzir um sistema de requisição de manuais escolares comprados pelas escolas em vez de os pais terem de comprar quinze livros novos todos os anos em Setembro.
Falando do que conheço. Aqui na Suécia (e não estou a dizer que é o maior país do mundo) todas crianças até aos dezasseis anos recebem todos os meses uma espécie de abono chamado barnbidrag. Actualmente o montante é de 1050 coroas (aproximadamente €101) e para além disso os pais recebem ainda uma ajuda extra se tiverem mais de um filho. Se o jovem continuar a estudar no secundário após ter completado dezasseis anos de idade pode continuar a receber este abono no máximo até ao ano em que completa vinte anos.
Depois disso, todos podem ir para a universidade. Existe um sistema de bolsa-empréstimo (studiemedel) coordenado por uma instituição estatal (CSN): todos os que estudem na universidade recebem cerca de 7800 coroas (+- €752) por mês em que cerca de 2800 coroas (+- €270) são bolsa (studiebidrag) e o restante é um empréstimo (studielån) que se paga através de descontos mensais de uma certa percentagem quando a pessoa começa a trabalhar. O estudante pode trabalhar enquanto estuda e continuar a receber studiemedel desde que não receba mais do que um certo limite e pode a qualquer momento decidir que só quer receber a bolsa e não o empréstimo. No entanto, um estudante não pode receber studiemedel durante mais de seis anos independentemente de só ter recebido bolsa ou bolsa e empréstimo.
Os apartamentos para estudantes ficam geralmente por volta das 3000 coroas (+- €290) por mês e têm condições de privacidade e aquecimento (não como quando eu morava no Porto em que fazia tanto frio dentro de casa que um colega costumava pôr o secador de cabelo ligado a apontar para os pés para os aquecer enquanto estudava).
Concluindo, todos podem ir estudar para a universidade e ser independentes e não é preciso os pais serem ricos.
Gostava que um dia chegássemos a esse nível no nosso país, em que todos têm efectivamente direito àquilo a que deviam ter direito e em que as coisas funcionam de maneira mais justa para que tudo sejam um bocadinho melhor para todos.
Boa sorte por aí! Eu acho que já abandonei o barco.

09/10/2009

Updates

Eia!! há que tempos que não escrevia nada por aqui! E o problema é que, agora que escrevo, não tenho grande ideia do que vou escrever...
Talvez o melhor seja fazer alguns updates.
Da última vez que escrevi aqui tinha começado a escola hà pouco tempo; agora já passou cerca de mês e meio. O sueco vai muito melhor, mais fluente e com melhor pronúncia mas nunca deixo de me espantar com o que me falta aprender. Especialmente quando estou numa situação em que tenho de falar e explicar coisas com as quais não lido todos os dias, como numa entrevista de emprego.
Sinceramente, não faço a mínima ideia de quantos currículos já enviei (através de sites com anúncios de emprego) nem a quantos empregos já me candidatei. Devem ter sido umas quantas dezenas, se não foram centenas (provavelmente mais centenas do que dezenas, mas de qualquer forma, não chegou aos milhares).
O que vale é que hoje em dia é tudo pela internet o que nos faz poupar uma carrada de papel e dinheiro para imprimir e enviar cartas. Também é verdade que isso torna tudo mais impessoal e faz com que quem está a ler as candidaturas possa simplesmente ignorar as que quiser só por causa da fotografia ou pelo nome que lá aparece...
Depois, há também o facto de a conjunctura estar como está (por aqui diz-se que está baixa; confesso que não tenho ideia de como ela está em Português) o que faz com que haja muito menos empregos e que, até para os mais mínimos part-times que qualquer cromo consegue fazer, se siga um protocolo extensivo de filtragem dos candidatos e no final só se escolha dois de um grupo de vinte ou trinta.
Apesar disso tudo, o meu currículo lá passou pelos filtros e chegou ao recipiente final de candidatos ao um trabalho extra (part-time) num armazém da DHL aqui perto (talvez tenha sido o facto de ter trabalhado em vários armazéns enquanto estudei na Holanda) Pela primeira vez na minha vida toda, tive uma entrevista de emprego. Eu sabia que ia ter de acontecer mais tarde ou mais cedo, mas nunca pensei que a minha primeira entrevista fosse ser em sueco... No entanto, o facto de só estar cá há um ano (fez um ano certinho do dia dezasseis de Setembro) e já conseguir falar sueco minimamente parece estar a meu favor: toda a gente fica impressionada. Viva os outros imigrantes que não se preocupam em aprender a língua!!!
A coisa estranha da entrevista foi o facto de ser uma entrevista em grupo (eu e mais dois moços). Primeiro falámos todos juntos e o entrevistador perguntou-nos várias coisas sobre a experiência que temos neste tipo de trabalho, o que fazemos, o que é o stress para cada um, bla bla bla.
Depois falou connosco em separado para perguntar coisas mais pessoais tais como porque é que nos candidatámos a este emprego, porque é que eles devem escolher um candidato e não o outro e quais os nossos objectivos.
Podem parecer questões muito simples, mas se não tivermos pensado previamente nelas custa um bocado a dar uma resposta num curto espaço de tempo. Para além disso, treinar o que terá de ser responder num entrevista também nos obriga a pensar um bocado naquilo que queremos para nós próprios e nos nossos planos para o futuro, tanto o próximo como o longínquo.
Nunca se sabe onde iremos parar e há definitivamente muitos factores que nos podem fazer alterar os nossos objectivos e projectos, mas é sempre melhor ter alguns, porque torna as coisas mais fáceis, não só porque a motivação é maior quando há algo que se quer atingir, mas também porque se tem uma resposta quando alguém pergunta "Então e o que vais fazer a seguir?".
Boa sorte a todos com os vossos planos para o futuro e que, mantendo-se esses ou não, sejam concretizados!

Quanto ao tempo, porque post que é post tem de falar sobre o tempo que faz por aqui, está frio!! Parece que saltámos o Outono e fomos directamente para o inverno de um dia para o outro! Brrrr... Tem estado à volta de 10º C (na semana passada este à volta dos 5º C). Claro que já se sabe que daqui para a frente é sempre a piorar mas segundo palavras dos próprios suecos, parece que nos surpreende sempre!

Ah, e quanto ao resultado da entrevista, devo dizer que não faço ideia. Deduzo que um dos moços tenha ficado com um dos postos porque ele tinha carta para conduzir aquelas máquinas de transportar paletes (nem sabia que era preciso carta para aquilo...), mas se bem me lembro eram dois lugares que estavam disponíveis. A questão é que os suecos pura e simplesmente detestam conflitos! Se puderem dizer a cada pessoa individualmente e pelo telefone que essa pessoa ficou ou não com o trabalho, fazem-no. Evitam-se muitos problemas, evitando conflitos... Por isso, ainda não sei. Mas vou-vos mantendo informados!

09/09/2009

Mirtilos e arandos vermelhos

Hoje foi um dia um bocado diferente. Depois da escola fui até ao centro da cidade para conhecer uma moça portuguesa que mora cá. Também se chama Ana, aliás, Ana Maria (como muitas mulheres em Portugal) e mora em Örebro há três anos. Pelos vistos, ela não gosta muito disto por cá... Mas de qualquer forma, é muito simpática e foi muito agradável falar um bocadinho de Português. Não dou por isso porque estou sempre a falar sueco ou inglês, mas a verdade é que tenho saudades.
Para além disso, fiz uma coisa tipicamente sueca: apanhar bagas. Nesta altura do ano, já passou a altura das framboesas e dos morangos selvagens, mas é altura dos mirtilos, dos arandos vermelhos e dos cogumelos cantarell. Eu nem sabia bem como é que são os arbustos dos mirtilos mas foi engraçado. Eu e a Milda (uma colega com quem tenho aulas que é da Lituânia) ainda conseguimos apanhar bastantes.
Foi muito interessante e até acabou por ser um bocado terapêutico: uma floresta lindíssima, montes de árvores e plantas, silêncio e muitas muitas bagas. E de graça...
Recomendo a todos que puderem!
Outra coisa foram as nuvens que hoje pareciam pipocas...

24/08/2009

Coisas inesperadas

No outro dia cortei um limão ao meio porque ia fazer sumo de citrinos e qual não foi o meu espanto ao ver uma plantinha verde lá dentro.
Nunca tinha visto tal coisa; nem sabia que era possível, mas um dos caroços lá achou que era muito mais confortável começar a germinar dentro do limão do que esperar por um futuro incerto fora deste e provavelmente dentro de algum caixote do lixo para compostagem.

Como tinha muita geleia de lingonbär (aqui, segundo a Wikipedia) e também porque vinham cá algumas colegas decidi fazer uns bolinhos. Chamam-se lingongrottor e são uns bolos muito simples: basicamente, bolinhos de manteiga com um bocadinho de geleia no meio. Não são muito doces, mas são rápidos e muito bons para o café.

Para além de todos os frutos de bagas que se podem apanhar cá no Verão (mirtilos, morangos selvagens, morangos, lingon), também se podem apanhar muitos cogumelos entre os quais os mais famosos são os cantarel (aqui, em inglês na Wikipedia). Claro que é preciso conhecê-los bem para não apanhar dos venenosos. Pessoalmente, não apanhei cogumelos nem bagas, mas os pais do Johan ofereceram cantarel e mirtilos. Os mirtilos já se foram todos em queques e panquecas. hehe

Hoje, mais precisamente, daqui a duas horas, recomeço as minhas aulas de sueco. Estou assim num misto de curiosidade, preguiça e sonolência. Não sei qual é o programa do curso a não ser que vai ser mais ler livros e fazer apresentações, mas quero acabá-lo o mais rápido possível principalmente porque aumenta a chance de arranjar trabalho. Ao mesmo tempo, apetece-me ir dormir durante uns dois ou três dias... Devia haver alguma maneira de a gente acordar com mais energia e não nesta molenguice de corpo ensonado e cabeça pesada. Se alguém souber a receita, diga-me porque muito em breve vou ter de começar a levantar-me às 7h outra vez e não me apetece nada.

13/08/2009

Estrelas cadentes e outras coisas...

Olá!
Antes de mais espero que o verão esteja a ser agradável com muito Sol e bom tempo e muito tempo para aproveitar o Sol e o bom tempo.
O meu verão, e por conseguinte, as férias, já se foram e a partir de agora é começar a pensar em arranjar umas roupas mais outonais para o frio que aí vem. A chegada do frio está prevista para fins de Setembro, mas nunca se sabe. Claro que não apetece nada, especialmente depois de um verão tão curto. A mim só me apetece ir para a praia, refastelar-me na areia e de vez em quando dar um mergulho no mar, mas infelizmente este ano não dá para mais...

Mas falando de coisas mais animadas, ontem, para quem não vive numa zona com muita poluição luminosa, foi possível avistar alguns meteoritos de uma chuva de meteoros chamada Perseidas. Esta chuva de meteoros, também designada por Lágrimas de São Lourenço (sabe lá Deus porquê), ocorre devido à passagem da Terra pela órbita do cometa Swift-Tuttle (não, não é turtle, mas é swift).
Como a órbita deste cometa tem partículas (meteoros) que foram ejectadas por este durante a sua passagem perto do Sol, entram na nossa atmosfera (chamam-se então meteoritos) quando o nosso planeta passa por elas e, como que um fantástico mecanismo de defesa natural, são destruídas pela fricção criada pela queda livre (que por sua vez se deve à acelaração da gravidade).
Essa destruição deixa um rasto brilhante no céu que nós, simples mortais, chamamos de estrela cadente, apesar de esta expressão estar astronomicamente errada: não é uma estrela! Essas estão lá longe e não se chegam perto de nós (com excepção do Sol, esse é mais simpático). Obviamente, podemos sempre ver o outro lado da coisa e dizer "obrigado, estrelas, por não se chegarem mais perto", uma vez que, se tal acontecesse, mesmo que o fosse o Sol a estar uns quilómetros mais perto, seria uma catástrofe. Imaginem como seria se uma dessas estrelas gigantes (comparadas connosco e com o Sol) se aproximasse...
Bem, parece que isto é tudo que me resta depois de cinco anos a estudar Astronomia. astronomia amadora. Modelos matemáticos e físicos, electromagnetismo, álgebra, mecânica quântica, relatividade geral e restrita, programação, entre outros... Pergunto-me se serviu para alguma coisa? Gostava que alguém me tivesse dito que o curso em que me inscrevi só tinha saída para o desemprego ou para uma vida de estudante-de-mestrado/doutoramento-para-sempre em frente de um computador a fazer gráficos. Devia pedir o dinheiro das propinas de volta!

25/07/2009

É tudo uma questão de referencial!

No outro dia o Johan contou-me uma história sobre quando estava na escola à procura do professor de Latim e como não o conseguia encontrar, pediu ajuda a um outro professor que ia a passar por ali. Depois de andarem um bocado pela escola lá encontraram a pessoa que procuravam e o professor que o ajudou a encontrar o professor de Latim disse para este último:Latim, uma língua morta. A isto, respondeu o professor de Latim: Não, a língua que nunca morre!
A expressão "língua morta" usa-se muitas vezes quando se refere ao Latim, porque já não é a língua de nenhum país e só se aprende por questões académicas; a língua está morta, porque não avança. Mas não deixa de ser verdade que nem isso faz com que ela desapareça.
É tudo uma questão de ponto de vista e nós escolhemos muitas vezes ver as coisas do confortável ângulo pessimista. É mais fácil ser um coitadinho e fazer os outros terem pena de nós do que lutar e fazer os outros terem inveja de nós.
Sim, é mais fácil. Mas é muito melhor para nós (em todos os aspectos) definir objectivos e atingir metas do que chorar pelos cantos à espera que alguém ofereça ajuda.
É claro que quando somos jovens e temos o sonho de mudar o mundo tudo parece cor-de-rosa e depois, à medida que vamos crescendo, vamos começando a pensar que se calhar somos mas é daltónicos porque afinal há muito mais cinzento do que a gente pensava.
Continua a ser uma questão de referencial, mas não deixa de ser necessário ser realista. Há que nos apercebermos que o mundo é demasiado grande e diverso para que o consigamos moldar à maneira da nossa visão.
No entanto, podemos sempre fazer algo, por mais pequeno que seja, para ajudar o planeta e as pessoas. Seja tornarmo-nos vegetarianos (como as minhas manas) ou simplesmente ir de bicicleta para o trabalho ou para a escola, todos esses pequenos gestos ajudam.
Claro que não é preciso ser extremista: se gostam de carne, sejam vegetarianos às terças e quintas feiras, por exemplo; se gostam de animais, mas não querem ir fazer manifestações para Lisboa, escolham produtos que não são testados em animais; escolham alimentos e produtos ecológicos, biodegradávieis e amigos do ambiente
quando forem às compras (há símbolos nas embalagens que indicam isso); usem sacos de papel, reusem os sacos de plástico que tenham até à exaustão e quando estiverem nas últimas usem-nos para sacos do lixo ou criem o vosso próprio saco das compras (tote bag); reciclem as vossas roupas com a ajuda da vossa imaginação (há milhentas coisas que se podem fazer, é só procurar na net) ou comprem roupas em segunda mão (eu sei que ainda não há muita lojas em Portugal, mas já começam a ser mais vulgares e encontram-se sempre coisas interessantes); se gostam de gatos ou cães, mas não podem ter um, façam voluntariado num canil ou gatil perto de onde moram; façam a lista das compras na parte de trás de papéis velhos.
São só algumas ideias, mas há muito mais que se pode fazer. Claro que quando se começa a tentar alterar velhos hábitos, há sempre alguém que faz troça ou diz que não faz sentido nenhum ou que não vale a pena. Essas ideias contrárias estarão sempre presentes mas o importante é saber que valores nos guiam e orientarmo-nos por eles.
Boa sorte para mudar o mundo à vossa volta!

27/06/2009

Midsommar

Eu sei que a IKEA tem feito publicidade em Portugal sobre o Midsommar por isso, muitos de vocês já devem saber um bocadinho o que é.

Midsommar significa "a meio do verão" e coincide com o solstício de verão, isto é, o dia do ano em que (supostamente) o dia dura tanto como a noite. Claro que aqui para cima, no verão, o dia dura muito mais do que aí, por isso, não sei se dura tanto como a noite. Está sempre aquele lusco-fusco do "está quase escuro" ou do "está para nascer o sol". É muito estranho.

Mas voltando ao Midsommar. Algumas das tradições associadas a esta festa são erguer um mastro em forma de cruz coberto de folhas verdes (Midsommarstång ou majstång) no qual se penduram duas coroas de flores e folhas.
A seguir, dança-se em volta do mastro ao som de canções típicas.
Há quem diga que as raparigas devem fazer um ramo com sete tipos diferentes de flores e depois pô-lo debaixo da almofada, para que, durante a noite, sonhem com aquele com quem se vão casar.
O tempo que se espera para este dia é "ora sol ora chuva" e como podem ver pelas fotos este ano esteve na perfeição!
Nós visitamos uma aldeia que fica perto de Linköping (não me lembro do nome mas depois ponho aqui) para ver esta celebração. Muitas pessoas vestem fatos tradicionais neste dia (está uma senhora com uma saia comprida e um xaile na foto).

Depois, voltámos para casa para um jantar típico de Midsommar: batatas novas cozidas (kokade färskpotatis) com natas coalhadas (gräddfil) e cebolinho (gräslök) acompanhadas com arenque que esteve num molho especial num frasco (inlagd sill). A sobremesa foi torta de morangos (jordgubbstårta) como podem ver na foto.
Tradicionalmente, dever-se-ia beber cerveja e snaps (uma bebida alcoólica típica durante as festas que é forte e não sabe lá muito bem), mas nós bebemos sumo enquanto os pais do Johan beberam vinho e um bocadinho de snaps.

Foi muito interessante ver esta festa. Dizem que nalguns sítios se celebra mais o Midsommar do que o Natal. Talvez... Uma coisa é certa, os suecos são doidos pelo Sol e pelo verão. Uma frase que li no jornal demonstra bem isso:

"En lång regning sommar skrämmer svenskarna mer än låg konjunkturen." (algo do género)

que quer dizer:

"Um verão longo e chuvoso assusta mais os suecos do que a baixa conjunctura."

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Midsommar = midesómar = a meio do verão

jordgubbar = iurdegubar = morangos

snaps = ch(e)náps = bebida alcoólica

09/06/2009

No parque

No outro dia fomos a um parque natural que fica aqui perto numas montanhas que se chamam Kilsbergen ou também Ånnaboda. É um parque com um lago enorme, caminhos arranjados para que todos possam andar (até com cadeiras de rodas) e umas cabanas onde as pessoas se podem abrigar ou até pernoitar se estiverem a fazer os percursos mais longos (que podem levar uns dias a percorrer).

Os suecos gostam muito deste tipo de sítios. Muitas árvores com pássaros e outros animais selvagens (com um bocado de sorte, talvez um alce ou algo assim), muitas plantas e arbustos com bagas. É muito comum ir passear para um parque deste género e apanhar bagas (mirtilos, morangos selvagens, etc), tentar reconhecer os pássaros que estão a cantar, pescar (de vez em quando via-se um peixe a saltar na água) e fazer um piquenique.

Aqui ficam algumas fotos. Depois quando tiver mais ponho-as aqui.


















Em Portugal que temos tantas árvores e pinhais e assim devíamos passear mais, não só pela parte da saúde mas também para estar mais em contacto com a natureza porque é mesmo relaxante!

Mais algumas palavras em sueco:

skog = scugue = bosque/floresta

stuga = stuga = cabana

älg = éli = alce

31/05/2009

Dragon Parade

No fim de semana passado estivemos em Sundsvall para visitar o irmão do Johan e a mulher dele, porque tiveram um bébé há uns 14 dias. O miúdo chama-se Calle e é muito castiço: só dorme e come. Nem sequer chora. Acho muito bem que já façam bébés desses que não choram!
A juntar à confusão de ter um filho, eles mudaram este mês para um apartamento novo e por isso têm estado muito ocupados: caixotes e sacos por todo lado, tudo ainda um bocado por arrumar. Mas ainda deu tempo para passear um bocado pela cidade, comer fora e andar a pé.
Um dos símbolos da cidade é o dragão (não faço ideia porquê; a mim parecem-me muito mais chineses que outra coisa) e por isso a idade estava cheia de dragões que lojas e empresas compraram e mandaram pintar a artistas e depois espalharam-nos pela cidade. Basicamente uma Cow Parade com dragões. Aqui estão alguns dos que gostei mais.

Este pertence ao jornal da cidade e como é óbvio, está aler o jornal da cidade.

O dos correios que cá são azuis e amarelos (cores da bandeira: que surpresa!).

Este era de um café qualquer.

O devorador de Livros, de uma loja de livros.

Este era de uma orquestra da cidade.

Este tinha qualquer coisa a ver com veterinária (tinha um gato a tratar-lhe da cauda engessada, está escondido pelo cão).

Depois passámos por um museu ao ar livre (coisa muito comum por cá, para mostrar as casas mais típicas e assim).




Este era um animal místico qualquer da região, metade lebre, metade ave de rapina.

Espero que tenham gostado das fotos! E agora, cá vão mais umas palavras em sueco:

god natt = gú nat = boa noite (antes de ir para a cama)

lycka till = lica til = boa sorte

tack så mycket = tác sô miqué = muito obrigado/a

26/05/2009

God morgon, god morgon!

Bom dia a todos!
Ainda é cedo por aí mas por cá já anda tudo a mexer à umas poucas de horas.
Lá fora, está tudo cheio de flores e pólen (vivam as alergias) e carradas de pássaros a voar e a cantalorar o dia e a madrugada todos. É preciso esclarecer que a madrugada aqui é lá para as 3 da manhã em que já é de dia outra vez. Humm, agora que penso nisso, se calhar nem fica bem de noite. Um dia destes tenho de cuscar isso. É sempre chato não saber se já é de manhã ou se ainda é de dia!

Estive a pensar e achei que era giro se fosse ensinando umas palavritas em Sueco. Claro que não é fácil pronunciar correctamente só a ler a palavra mas vou tentar escrever como seria em português para soar como deve de ser em Sueco.
Para começar, é importante saber dizer olá e bom dia:

olá = hej = hei (o h é importante, por isso tem de lá estar um som expirado, senão pode querer dizer outra coisa; de qualquer maneira, neste caso não tem outro significado).

bom dia = god morgon = gu mórron

Depois, dizer adeus ou até logo:
tchau/adeus = hej då = hei dô

por favor = snälla = snéla

obrigado/a = tack = tác

Bem, é tudo por agora porque tenho de ir para a escola!
Se houver alguma palavra que queiram aprender, digam.
En trevlig dag för alla!

15/05/2009

Os portugueses não pagam!

Ontem fiquei a saber que há uma expressão italiana que diz "os portugueses não pagam". Pelos vistos vem de uma ocasião um grupo de portugueses visitou o papa e ficou hospedado como convidado. O que aconteceu foi que, depois de terem feito o que tinham vindo ali para fazer, foram-se embora sem pagar nada pela estadia e daí veio a expressão. Talvez tenham pensado que, sendo convidados, não precisariam de pagar. Nós Portugueses somos muito de convidar e pagar/oferecer tudo; muito raramente acontecia nós irmos dutch e dividir as contas - go dutch significa, em homenagem aos Holandeses que o fazem sempre, dividir as contas e cada um pagar o seu.
Não gosto de pensar que os caramelos que visitaram o papa se foram embora sem pagar propositadamente e se calhar ainda levaram uns sabões ou toalhas como recordação, como há quem faça nos hotéis mas que temos alguma fama temos e de algum sítio ela veio. Mas é verdade que nós portugueses temos um jeitinho impressionante para encontrar maneiras indirectas de resolver os problemas. Quando se encontra uma situação da qual não se gosta, volta-se a trás para a evitar e depois escolhe-se: passa-se por cima ou por baixo, pela esquerda ou pela direita, não importa, é só mesmo para se resolver a desagradável ocorrência sem muito confronto.

Falando agora do Festival Eurovisão (nada a ver) que é um acontecimento bastante importante por cá. Este ano, a música de Portugal tem estado a receber alguns elogios porque é alegre e mexida mas ao mesmo tempo tem um bocado de folclore e sons típicos. Por acaso também acho a música Todas as Ruas do Amor engraçada. Pode ser que seja desta...
Mas houveram outras músicas que me surpreenderam. Uma delas foi a da Sérvia, chamada Cipela, por ser uma música saltitona e engraçada (já agora, cipela significa sapato e o cantor conta a história de uma rapariga que só se apaixonou por ele quando ele ficou rico).
A outra foi a da Noruega cantada por um rapaz chamado Alexander Rybak. Fairytale também é uma música saltitona mas não é nem alegre nem triste, mas antes esperançosa.
Bem, deêm uma olhadela se vos apetecer e amanhã a gente vê o resultado.
Bom fim de semana!

05/05/2009

Há pessoas que são laranjas...

Há outras que são copos... Cá para mim, acho que ainda há um terceiro tipo: as pessoas que bebem sumo de laranja num copo!
Deixem-me esclarecer isto antes que pensem que ando a delirar com frutas.
As laranjas espremem-se para dar sumo, logo, pessoas que são como laranjas serão pessoas que se "espremem" para dar "sumo" às outras. Depois há os copos, aquele tipo de pessoas que recebe o sumo e o passa em diante para outras. Essas outras, as últimas, são as pessoas que bebem sumo de laranja num copo. Apenas bebem o sumo. Talvez se lembrem de lavar o copo, mas muito raramente se lembram da laranja.
A minha mãe costuma dizer que "há uns que nascem para servir e outros que nascem para ser servidos"; há quem diga, de uma forma mais corriqueira, que "há uns que f*dem e outros que são f*didos" - há conta de se escreverem as asneiras com um asterisco censor acabo por nunca saber se em vez dele, do dito asterisco, se deva escrever um u ou um o - mas asneiras à parte, parece ser bem verdade.
Se bem que se pensarmos um pouco naquilo que nos ensinaram quando eramos pequenos - pequeninos de ir à escola infantil (ou escola de freiras, para os mais velhos) - vemos facilmente a discrepância dos conhecimentos.
Quando eramos pequenos ensinaram-nos que partilhar e repartir com os colegas e amigos era algo louvável, mas quando crescemos vemos que na realidade, o mundo não passa de um "toma lá, dá cá" em que ninguém dá nada a ninguém sem esperar alguma coisa em troca e em que, se alguém é generoso e realmente dá (apenas dá, sem vírgulas, mas ou condições a seguir) é porque é um totó de quem todos se aproveitam.
Aprendemos na escola sobre grandes obras da nossa literatura e da literatura dos outros, se tivermos tempo que chegue, mas na vida real poucos sabem falar e escrever como deve de ser (quando eu tenho dúvidas, tenho de me fiar no que diz o Wiktionary e o Google Translator) e, mais importante, poucos sabem ouvir e interpretar.
Ensinam-nos que devemos ser organizados, ter as contas em dia e não contrair dívidas, mas ninguém quer pôr dinheiro na mão dos miúdos para que eles aprendam a geri-lo e acima de tudo ninguém está disposto a aconselhar sobre como o fazer.
Sempre que há problemas na escola, por exemplo, quando o(a) filho(a) tem más notas, a culpa, segundo os pais, é, não do(a) miúdo(a), claro porque esse(a) não poderia ter qualquer responsabilidade, mas dos professores, dos colegas, da turma, das empregadas, da escola, da cantina, do bar, do ginásio, do autocarro, do tempo e do sei lá mais, mas não do menino(a) que coitadinho(a) tem que estudar tanto, apesar de a única tarefa do(a) garoto(a) ser estudar.
Dizem-nos que devemos ter a nossa própria opinião e lutar pelo que acreditamos, mas depois se tiverem ideias muito fora, é-se a ovelha negra da família e não se consegue integrar em grupo nenhum, para além do que ainda há quem faça troça da ingenuidade de agir segundo os princípios que se tem.
Portanto, durante o nosso crescimento e aprendizagem, recebemos informações e ideias contrárias e que chocam umas contra as outras e a conclusão que cada um tira daí e usa como conhecimento base para interagir com a sociedade depende de essência da pessoa: laranja, copo ou pessoa bebedora sumo de laranja num copo.
É, há muitas pessoas que bebem sumo de laranja num copo. Também há alguns copos, mas, podendo ser a minoria, as laranjas acabam por sofrer mais com isso.
Por hoje chega de metáforas com frutas que as minhas costas já me doem (para tal, teriam de ter parado de doer, o que definitivamente não aconteceu, senão eu tinha dado por isso). À conta da dor de costas, não há escola nem trabalho nem movimento nenhum, que até o não-movimento faz doer. Acaba-se por dar valor ao facto de nos podermos mexer só porque queremos. Saúde a todos!

28/04/2009

Ver-se livre de cinquenta coisas!

Hoje li um artigo sobre um livro chamado "Throw Out Fifty Things: Clear the Clutter, Find Your Life" (para quem não sabe o que clutter quer dizer, clutter significa tralha) de uma senhora chamada Gail Blanke.
A tralha não tem de ser necessariamente física, como papéis ou roupas espalhados, também pode ser mental, como por exemplo perfeccionismo ou mágoas. O que é certo é que a tralha se vai acumulando, tanto na nossa casa sob a forma de coisas de que já não precisamos, como na nossa mente sob a forma de pensamentos e preocupações, e com tanta confusão acaba por ser difícil ver a realidade e é dessa tralha que temos de nos livrar. Arrumar a casa e a cabeça; pôr as coisas e as ideias no sítio; planear com objectivos claros e realistas.
Para muitas pessoas pode parecer uma seca. Estou mesmo a imaginar a Kika e a Catarina a dizerem que só mesmo eu é que só penso em arrumar, organizar e fazer listas, mas a verdade é que ajuda imenso. Ao ver uma lista de coisas para fazer que tem finalmente todos os items marcados como feitos, tem um impacto muito positivo na nossa percepção de nós mesmos. Para além disso ficamos com a certeza de não nos termos esquecido de nada.
Claro que tudo isto funciona muito melhor quando se tem a vida relativamente organizada e não tão bem quando há imenso factores imprevistos, mas esses, quando vierem, a gente lida com eles o melhor que possa.
Assim de repente pode parecer fácil ver-se livre de tralha, mas às vezes estamos num dia daqueles em que tudo é lixo e já não queremos, ou estamos num dia em que tudo tem um valor sentimental e queremos guardar tudo. Não é fácil. O melhor mesmo é não acumular tralha, mas isso, já se sabe, é impossível!

25/04/2009

25 de Abril

Como tinha prometido cá estão as fotos que provam que a Primavera já chegou cá! É impressionante a quantidade de flores que se vêem por todo o lado.



Devem ter reparado que escrevi a palavra vêem acima. Tenho sempre problemas com o verbo ver no Presente do Indicativo e isto acontece devido ao verbo ter no mesmo tempo verbal. Porque é que fazemos o som do "ê" depois do som do "e" mas escrevemos ao contrário? Não faz muito sentido e para além do mais, quando se pensa no verbo ter acaba por se ficar confuso com o verbo ver.
É curioso como isto se pode aplicar à vida fora da gramática. Na realidade, é mesmo difícil ver muitas coisas quando se pensa no ter. Não quero com isto dizer que ter é mau e ver é bom. Algumas vezes é, alguns vezes não. Muitas vezes não ver ajuda a viver sem se reparar no que não se tem, tornando a vida mais suportável. Por outro lado, quando se tem algo, é difícil ver como seria se não o tivéssemos. Há muito para nos nublar a vista e nos fazer esquecer daquilo que devíamos ter e não temos.
Isto lembra-me que é 25 de Abril hoje. Dia da Revolução dos cravos, a única revolução do povo Português. Pergunto-me muitas vezes como os Portugueses, que costumavam ser tão aventureiros e empreendedores por alturas do século XV, se tornaram num povo submisso e conformado com tudo o que lhe põem à frente. Costumo dizer que os aventureiros partiram nos barcos e só ficaram por cá os Velhos do Restelo que não tinham coragem para mais senão para criticar a coragem daqueles que se meteram nos barcos e partiram.
O que é certo é que tivemos uma revolução e o facto de a termos tido, ocultou-nos o facto de ter sido uma coisa muito pobrezinha: uns queriam fazer uma revolução e foram ter com quem mandava para a fazer e depois quem mandava disse "Pronto, está bem! A gente deixa-vos fazer a revolução." Por acaso acabou por ser suficiente para mudar alguma coisa.
Não digo que foi mal feito ou que eu teria feito melhor, nem tão pouco estou a querer minimizar a luta daqueles que realmente lutaram. Estou apenas a tentar perceber porque é que a nossa Revolução para ter de volta a Liberdade foi algo tão pequeno, quando éramos tantos a sofrer pela falta de uma Liberdade à qual não damos valor hoje porque já nos habituámos a tê-la.
Hoje temos essa Liberdade que alguns pensaram estar a conquistar de volta num 25 de Abril de 1974 e não a usamos.
Queixamo-nos do governo e do estado do país mas "se quisermos encontrar algum culpado só temos de olhar para um espelho". Qual de nós nunca aceitou uma ajuda de uma cunhazita? Qual de nós nunca ocultou um pouco da verdade para obter mais benefícios? Qual de nós nunca disse ou prometeu uma coisa e depois fez outra? Qual de nós nunca tentou fugir à responsabilidade, deitando as culpas para cima de qualquer outro?
O país está mal, a culpa é do governo. É só corrupção no futebol e na política, mas vou só ali buscar um atestado médico do qual não preciso para poder ficar uns dias em casa e receber algum dinheiro. Os alunos não aprendem nada, não porque não estudam, mas porque os professores não prestam. Os alunos ricos têm bolsa de estudo e os alunos pobres ainda recebem menos bolsa que os ricos. Tratam-se melhor os estrangeiros que vêm a Portugal do que os Portugueses que por lá passam.
Eu sei que nem tudo é assim tão linear e que há muito boa gente em Portugal, que trabalha e desconta honestamente. Mas há tanta que não o faz e a que faz, por se ver tão injustiçada, acaba por se corromper quando a oportunidade aparece.
Eu perdi a fé em Portugal há muito tempo. Lembro de alguém me dizer um dia que eu estava a ser egoísta porque estudei no meu país, sempre a usufruir do que o país me proporcionou e agora que era a altura de eu dar algo em troca, eu estava a virar as costas e a fugir à minha responsabilidade de cidadão.
Não me lembro o que respondi a essa pessoa, mas posso dizer agora que nunca usufrui de nada que o país me desse. Se tive educação e comida foi porque os meus pais se mataram a trabalhar e só gozaram férias duas ou três vezes em 25 anos; foi porque só jantámos num restaurante umas 10 vezes em 25 anos; foi porque não comprámos uma televisão do tamanho da parede da sala de estar, nem uma aparelhagem com potência para fazer a festa da Loureira, nem um carro novo quando os velhos que temos começaram a queixar-se que eram velhos demais, nem uns móveis de cozinha novos. Se pude estudar fora do país foi porque eles se esmifraram para tentar dar-me o dinheiro necessário para eu sobreviver lá porque sabiam que era uma grande oportunidade para mim.
Agora não me venham com tretas! Tudo o que tive e tenho agora, tudo o que sou devo-o aos meus pais, à minha família e aos poucos amigos que tenho. Não ao país que nunca quis saber de mim a não ser para pagar livros da escola e propinas.

Perdi a minha fé em Portugal há muito tempo e apesar das saudades da família, dos amigos, da comida e do sol, se tivesse tudo isso comigo em qualquer outro lugar do mundo, diria que aí é a minha casa.

15/04/2009

Dinheiro para todos!

No outro dia mandaram-me um email com um daqueles powerpoints em anexo que ou são muito lamechas ou muito irritantes. Este era de alguém que estava muito irritado (para ser um bocadinho diferente do normal). O autor(a) desse powerpoint escrevia que os estados devem imenso dinheiro (vários milhões de dólares) aos bancos e que se se dividisse todo esse dinheiro por todos os cidadãos do país, ainda calhavam um milhõezitos a cada um. E assim ficávamos todos milionários...
Claro que isto soa como um ultraje para o cidadão comum que já tinha o dinheiro antes e agora ainda por cima em tempo de crise. Mas posso dizer-vos que apesar de soar muito bonito, não é mais que uma falácia de quem não percebe nada de Economia. Aliás, nem é preciso saber algo de Economia; basta pensarmos um bocadinho usando o nosso senso comum e conhecimento de causa da sociedade.
Suponhamos então que agora de repente cada um dos 11 milhões de portugueses recebia uns milhõezitos de euros. Não me lembro ao certo quanto dizia no powerpoint (talvez uns 10 milhões), mas vamos assumir uns 5 milhões de euros. Supondo que a maior parte das pessoas quereria pagar as dívidas (eu sei que há muitos que não se preocupam com isso), mesmo depois de o fazer, ainda haveria bastante dinheiro para gastar.
A maior parte das pessoas certamente pensaria "Não vale a pena ir trabalhar, agora que tenho tanto dinheiro e até porque o meu trabalho não é nada bem pago!". E de repente tudo deixaria de produzir. Ninguém trabalharia numa fábrica de carros por menos de uns milhões por dia porque esse dinheiro já a pessoa tinha. Os carros, como tinham ficado muito caros na construção, seriam vendidos a preços exorbitantes (biliões ou sei lá que mais) e, tal como os carros, tudo aumentaria de preço: nenhum padeiro se iria levantar às 4 horas da manhã para fazer pão a não ser que fosse pago a centenas de euros à hora; o pão seria, por conseguinte, caríssimo e todos os bens se tornariam extremamente caros. A única diferença é que agora todos tinham milhões para comprar os bens que também custam milhões. Na realidade, voltaríamos ao mesmo ponto de antes de receber o dinheiro todo, mas a moeda não valeria nada...
Teríamos apenas a ilusão de sermos ricos...

Antes tinha a ilusão de que podíamos ter um mundo em que todos tivessem dinheiro e vivessem igualmente bem, mas à medida que crescemos e começamos a perceber um bocadinho mais de como o mundo funciona, também nos apercebemos de que isso não é possível. O mundo vai ser sempre um lugar de diferenças e injustiças, porque a própria vida não é justa.
No entanto, acredito que seja possível um mundo em que todos tenham pelo menos acesso a água, comida, educação e saúde. Mas provavelmente, uma vez resolvidos esses pontos, apareceriam outros problemas que tomariam o lugar de problemas de países de terceiro mundo, como o stress, a competição, a depressão, etc...
A verdade, é que não passamos de uns insatisfeitos...

03/04/2009

A Primavera já chegou!!!

E eu ia toda contente passar as fotos que provam isso mesmo do meu telemóvel para o computador para as poder pôr aqui, mas apaguei-as acidentalmente... Por duas vezes...
Que é preciso ter azar...
Vão ter de acreditar no que eu digo. E a verdade é que, apesar de estar sempre frio de manhã e ao fim da tarde, durante o dia tem estado um sol radioso. Só tenho pena de o apartamento não estar virado para o lado onde o Sol está o tempo todo. Em vez disso, temos só três janelas viradas para a sombra e com vista para as varandas ensolaradas dos prédios de trás. Que inveja! Mal posso esperar por mudarmos para um apartamento maior, com uma varanda e sol.
Entretanto, vamos estando por aqui, mesmo ao pé da Universidade e um bocado fora da cidade propriamente dita. Isso faz-me ter que andar cerca de 4,5 km por dia para ir e vir da escola. É um bom exercício mas às vezes não apetece mesmo nada...
Bem, se recuperar as fotos, isto é, se tiver hipótese de tirar outras, depois ponho-as aqui.

26/03/2009

Knäckflarn med Chokladkräm

Knäckflarn med chokladkräm
Quanto a este nome posso esclarecer que knäck quer dizer algo que é estaladiço e chokladkräm é creme de chocolate. Mas não sei o que flarn quer dizer...

Ingredientes (para 25 bolachas duplas):
150g manteiga
1,5dl açúcar
0,5dl natas para bater
0,5dl sirup
2dl flocos de aveia
2dl farinha
0,5 colher chá fermento
1 colher chá açúcar baunilhado

Ingredientes (para o creme de chocolate):
100g manteiga (temperatura ambiente)
1,5 colher sopa cacau em pó
3 colheres sopa açúcar
1 gema

Preparação:
- Forno a 200ºC. Derreter a manteiga e misturar com todos os outros ingredientes até obter uma massa homogénea.
- Colocar pequenas bolas de massa num tabuleiro coberto com papel vegetal. Deixar bastante espaço entre elas para não se pegarem enquanto cozem; cerca de 8 bolachas por tabuleiro).
- Deixar cozer no meio do forno durante 10 minutos até terem obtido uma côr acastanhada. Se não se deixar tempo suficiente, ficam muito moles. Retirar do forno e deixar arrefecer um pouco e mudar para outro prato.
- Misturar os ingredientes do creme de chocolate. Quando as bolachas estiverem frias, barrar uma bolacha e juntar com outra bolachas.

Sugestões: Em vez do creme de chocolate no meio, pode apenas derreter-se chocolate com um bocado de manteiga e deitar por cima das bolachas a fazer umas riscas. Também experimentei e fica óptimo! Também se podem misturar amendoins, nozes ou amêndoas nas bolachas mas têm de ser em pedaços para que elas não percam a consistência.

É capaz de ser difícil arranjar sirup em Portugal, por isso vou levar uma embalagem quando for aí na Páscoa. Também é muito boa a sirup com panquecas. Humm, panquecas...

Det går bra!

Det går bra significa vai bem ou corre bem. Pode responder-se se alguém nos pergunta como estão as coisas, ou a escola, ou o trabalho... E parece que o Sueco går bra, porque mudei para uma turma mais avançada. Agora é só a trabalheira para fazer o trabalho que esta turma já tinha feito, ou seja, 3 capítulos do livro...
No entanto, não me importo nada, porque quer dizer que estou a progredir e que talvez consiga passar o nível D até ao final deste ano lectivo. Depois vem o curso Svenska som Andra Språk (SAS) que quer dizer Sueco como Segunda Língua e a seguir um curso de Sueco com nível de Ensino Secundário. Depois disso, já posso entrar na universidade, se quiser. Não sei se quero.
De qualquer forma, det går bra! (depois posso-vos ensinar umas coisas nas férias)
Pois é, e por falar em férias, este verão as minhas vão ser curtas. Aqui as aulas acabam em Junho, em geral e recomeçam nas últimas semanas de Agosto. Isto quer dizer que não vou poder passar muito tempo em Portugal a apanhar Sol e a comer coisas boas. :( Para além de as férias serem curtas, gostava de arranjar um trabalho de verão para me entreter até Julho e não sei bem por quanto tempo será...
Já lá vai tempo em que as férias eram apenas uma sucessão de dias sem nada para fazer e com bom tempo lá fora. Que saudades...
À bocado fiz uma sopa de legumes numa tentativa de imitar a sopa da minha mãe. Até que nem ficou má, mas não é a mesma coisa. O que me apetece mesmo é fazer bolos, biscoitos e bolachas, mas depois somos só dois a comê-los... Por falar nisso, vou postar aqui a receita daquelas bolachas chamadas Knäckflarn med Chokladkräm (em Português, claro).

22/03/2009

Ukulele Orchestra?! Kaiser Chiefs?! Ruby?!

Fantástico!
Tenho de mostrar isto ao Simon!

21/03/2009

Finalmente!

Já chegou a Primavera! Aqui também. Ontem foi o Equinócio de Primavera o que quer dizer que supostamente o dia e a noite tiveram exactamente a mesma duração. Aqui não é bem assim porque o sol agora nasce às 5:57 e põe-se às 18:14. Claro que as temperaturas continuam a ser pouco amigáveis por cá: amanhã prevê-se neve ligeira com máxima de 2ºC e mínima de -3ºC e a piorar ligeiramente até quarta feira...
Ao menos não podemos dizer que não nos avisam!
Por isso, é melhor aproveitar todo o tempo que se tenha para estar na rua ao Sol porque não vai haver muito. Mal posso pelas férias da Páscoa para ir a Portugal e me empanturrar de Sol, comida boa e de mimos! Isso é que vai ser! Como se não houvesse amanhã!
Bem, não consigo lembrar-me de mais nada para escrever para já... Como já tenho as fotos do meu telemóvel no computador, acho que vou espalhá-las pelo blog e tal.

18/03/2009

Adio, adieux, auf wiedersehen, goodbye...

Pois, a minha bicicleta não tem remédio... Confirmámos o diagnóstico no sábado passado: cilindro da roda de trás torcido e gasto; só fazendo transplante.
E por falar em diagnóstico, pensei que tinha lido num lado qualquer que o Dr. House, a minha série preferida (e única) só iria voltar em Abril e qual não foi o meu espanto ao ver no Side Reel que afinal já havia mais dois episódios de entre os quais o último tem um gato! Obviamente, que os vi assim que tive tempo.
E por falar em gatos: aqui perto, numa terra chamada Hallsberg há uma casa-abrigo para gatos chamada Spinnhuset, que quer dizer A casa do 'ronrono'. Nas casas-abrigo de cá, quando se quer um gato, tem de se pagar (no caso desta, 800 coroas, que é mais ou menos 80€) e eles vão a nossa casa ver se o gato vai para um bom lar. Claro que o gato já vem vacinado, esterilizado e tudo. Infelizmente, não posso ir lá buscar um ou dois por três razões: não temos espaço, ambos temos alergia e, por último, dinheiro, falta de. Mas há sempre a possibilidade de fazer voluntariado lá...
Hoje, quando vim da escola onde tenho aulas de sueco, pareceu-me ver o Simon, mas claro que não era ele. Não só porque ele está em Copenhaga, cerca de 500 km daqui, mas também porque ele já não tem a bicicleta vermelha dos bombeiros...
Não sei bem o que posso fazer... Preciso mesmo de um passatempo. Se alguém tiver sugestões...

17/03/2009

Se eu tivesse direito a opinião...

Diria que detesto não fazer nada e o sentimento de estar a desperdiçar tempo precioso.
Diria que detesto televisão e jogos de computador porque nos afastam uns dos outros e nos aliviam do silêncio desconfortável que de outro modo nos obrigaria a falar uns com os outros.
Diria que vou comer tanto chocolate, gelado e batatas fritas quanto me apeteça e fazia-o.
Diria que vou comprar algo porque acho que é uma boa compra e comprava-o.
Diria que não aceitava comentários destrutivos que só me fazem sentir mal e simplesmente mostrava-lhes o dedo médio.
Diria que de vez em quando me canso de fazer esforços e não receber nada por isso.
Diria que as coisas seriam melhores se fossem mesmo iguais.
Diria que me sentiria melhor se me fosse reconhecido algum mérito.
Diria que não me interessa o que se passa no mundo dos homens porque eles mesmos criaram esses problemas e não me parece que eu os consiga resolver.
Diria que me apetece viajar e fazer vida de gente rica para toda a vida.
Diria que todos os dias vou cozinhar bolos, biscoitos, bolachas e tartes porque isso me faz feliz.
Diria que vou gastar o meu dinheiro nas porcarias que me apetecer mesmo que sejam inúteis, desde que goste delas.
Diria que não quero mais saber de ajudar pessoas porque as pessoas não querem saber de me ajudar a mim.

Sim, diria muita coisa, eu... se tivesse direito a opinião.
Mas não tenho.

14/03/2009

Grattis på födelsedagen paixão!


Ontem fiz uma tarte de chocolate que se chama Tarte de Chocolate Francesa e umas bolachas com um recheio de chocolate chamadas knäckflarn med chokladkräm. Queria que ficasse perfeito porque hoje é o aniversário do Johan, mas claro que não correu como eu esperava: esqueci-me de pôr a farinha na massa da tarte e as bolachas ficaram um bocado esturricadas à volta. De qualquer forma, tinha tudo um aspecto apetitoso e estava tudo muito bom. E claro, como é doce tenho a certeza que os restos não vão andar por aqui a rebolar muito tempo.
De resto, ele recebeu uma quantidade grande de dinheiro dos pais como prenda e eles trouxeram também algumas prendas para a casa (um conjunto com alguns tachos, uma taça de vidro meia transparente, decorações para a Páscoa, um temporizador de areia de 3 minutos para cozer os ovos e, como não podia deixar de ser, flores.).
Para além dos doces, prendas, do jantar com comida grega, das flores... também vimos o Melodie Festivalen que é basicamente o concurso em que se escolhe a música que irá ao Festival Eurovisão. De entre os 11 que foram a esta emissão final (antes deste já tinha havido 4 programas, por isso vejam lá a importância de dão a este concurso) acabou por ganhar uma canção chamada La Voix com parte da letra em Inglês e parte em Francês e que tinha muitas parecenças com ópera. Por acaso nem era a minha preferida mas também não era má de todo. Havia outras mais engraçadas tipo a do Måns, a da Emilia , a dos H.E.A.T. ou a dos EMD.
E foi tudo por hoje. Agora é preciso racionar os doces, senão vai ser uma dor de barriga.

12/03/2009

Qué?

Hoje, tal como a Kika disse, foi um dia melhor. A primeira aula a começar às 8h e mais 2 aulas depois dessa, mas com os alunos a portarem-se bem (wtf?).
Quando saí da IESÖ (Internationella Engeslka Skolan i Örebro) e vinha a caminho de casa, uma moça, por volta da minha idade, dirigiu-se a mim e perguntou-me "Ursäkta, vad är det för datum idag?". Fiquei um bocado aparvalhda por uns instantes não por ela ter falado em sueco mas porque nunca ninguém pergunta a data quando vai a andar na rua. As horas ainda vá que não vá; onde fica algum sítio, é normal, mas que dia é é um bocado estranho.
Mais estranho ainda foi como ela pareceu ficar aliviada quando eu lhe respondi "Den tolfte.". Acho que nunca vi ninguém ficar tão aliviado por saber qual a data do dia. De qualquer forma, fiquei contente por ter ajudado alguém a ficar tão aliviado.
Tenho mesmo de arranjar alguma coisa com que me entreter. Estou a ficar deprimida porque a única coisa faço para além do trabalho e da escola é escrever neste blog...

11/03/2009

É só mais um dia mau...

Hoje estou com algumas tendências egoístas. Não sei bem porquê, mas há dias em que todos parecem estar a tirar-nos algo que nos pertence e tudo parece estar a correr injustamente mal para nós. Não sei até que ponto é mesmo o mundo que nos está a maltratar e ignorar ou se é apenas a nossa visão que está um pouco mais virada para si própria que nos restantes dias.
A verdade, é que não vale a pena ser egoísta no sentido de esperar que o mundo nos conceda algo extraordinário; é melhor aceitar isso logo de início, baixar as expectativas e não se desiludir. Tanto...
Mesmo assim, hoje é apenas um daqueles dias em que todas as coisas estão a ser oferecidas aos outros, em que as pessoas não se riem para mim nem comigo, tão pouco me prestam atenção. É um daqueles dias em que "mais valia não ter saído de casa".

Pah, tou egoísta hoje. Apetecia-me atenção em grande quantidade, do tamanho daqueles baldes de gelado que as mulheres dos filmes comem enquanto vêem um filme romântico quando estão deprimidas. Um gelado desses talvez fizesse o mesmo efeito...

Baah... Nada que eu possa fazer a não ser tentar ver o lado positivo da coisa, o que é um bocado difícil quando o meu cérebro teima em ver tudo até ao mais "ínfimo grão de poeira cósmica" como algo contra mim...
Anywho, esperemos que amanhã corra melhor. Na 6ª feira vou fazer uma tarte e talvez umas bolachas. E se há coisa que me anima é fazer bolos e coisas doces (não tanto o comê-los... mas também!).

10/03/2009

Em Portugal temos muitos tipos de chuva...

Na Suécia temos muitos tipos de neve!
Pois é, nem sei bem como dizer que tempo está agora. Posso definitivamente dizer que não está Sol, que ele hoje não se dignou a sair à rua (também, se o tivesse feito, já estaria na hora de ele ir voltando para casa). De resto, talvez a melhor maneira de caracterizar o tempo que tem feito esta tarde seja dizendo que está nevar chuva ou talvez que está a chover neve... É, parece-me a melhor descrição.
Quando o tempo está assim, apetece-me fazer trabalhos manuais. Basicamente, qualquer coisa que seja suficientemente meticulosa para me entreter durante um período de tempo razoável. Infelizmente, com excepção da internet (sempre generosa quanto a ideias), nada mais está a favor: o espaço é pouco, os materiais ainda menos e o dinheiro, inexistente. Para juntar a isto, a minha bicicleta estragou-se: a luz da frente não funciona e corrente decidiu saltar do sítio e ficar presa noutro de onde eu não a consigo tirar. Cá para nós, acho que o moço que ma vendeu já sabia que ela não ia durar muito. Mas foi bem cara para ser um farronco velho se vai ao ar quase sem ser usado.
Agora só a peduntes ou de autocarro e para quem anda a contar os tostões todos, o autocarro não é opção. Eu cá, não me importo de andar a pé (é exercício físico, mas sem ser preciso um cartão de sócio com pagamento mensal) e as paisagens por aqui são muito bonitas: veêm-se sempre patos, pássaros, árvores e quase sempre gatos, entre muitas outras coisas. E como não há imensos carros nem prédios, até é bastante agradável. As únicas chatices são quando estamos com pressa ou quando vamos às compras. Aí geralmente amaldiçoam-se os pés que não andam mais depressa, as bicicletas que estão estragadas, o carro que não existe ou o dinheiro que só desaparece...
Para me entreter, então, escrevo aqui (daí que tenha escrito mais ultimamente) ou faço listas de coisas que gostava de fazer (mas para as quais não tenho materiais) para não me esquecer. Algumas ideias são interessantes. Talvez um dia o meu blog sofra uma metamorfose... Nãh, acho que faço outro.
.

08/03/2009

Hum...


Ontem fomos a Estocolmo porque era o dia de anos da Malin - esposa do Daniel, um dos irmãos do Johan (digo "esposa" porque me soa muito estranho dizer "mulher"; não sei porquê...). Estava um frio desgraçado, mas mesmo assim andámos pela cidade numa tentativa de sight-seeing. Pareceu-me uma cidade muito bonita, por isso, imagino que no verão seja deslumbrante. A parte que gostei mais foi a cidade velha, onde as ruas são estreitas (a rua mais estreita, tem apenas 90cm de largura) e as casas são uma de cada qualidade e cor e estão um bocado inclinadas, ora para aqui, ora para ali. Também passámos pelo Palácio Real que será restaurado entretanto com dinheiro do município (parece que o rei aqui não é assim tão rico quanto isso...) porque a princesa herdeira, Victoria, vai-se casar em breve (não sei se será já neste verão ou no próximo) com um moço daqui de Örebro. Ah, também vimos a igreja onde ela se vai casar. Deve ser uma festarola daquelas...
As lojas de souvenirs aqui vendem cavalos de madeira chamados Dalahäst de cores diferentes, chapéus de viquingues e peluches de alces.
Podem dizer que os suecos são distantes e frios, mas até agora tenho-os achado muito simpáticos. Também é verdade que só tenho contactado com a família do Johan e pouco mais e também é verdade que onde quer que se vá, tratam-se sempre bem os acompanhantes dos membros da família, por isso não seria de esperar que toda a família dele me tratasse de outro modo senão bem.
As pessoas aqui não ajudam caso isso lhes possa causar algum incómodo: é tão normal dizer "não" como dizer "sim". Por exemplo, quando se pede aos avós para cuidarem dos netos durante o fim de semana nem sempre se recebe um "sim" como resposta: os avós se calhar também querem ir passear eles mesmos. Apesar de ainda achar isto um bocado estranho, começo a pensar que se calhar devíamos aprender a ser um pouco assim. Os pais têm o dever de educar e cuidar dos filhos e é sempre bom ajudar e receber ajuda, mas nunca devemos esquecer as nossas próprias aspirações. Talvez não devessemos ter filhos, simplesmente.
Anywho, ja perdi completamente sobre o que ia escrever...
Em Setembro estive no casamento da Malin e do Daniel em Vaasa, na Finlândia. Foi bastante diferente do que o que eu estava habituada: uma igreja sem imagens de santo algum (igreja protestante), apenas 90 convidados, nada de exageros de comida... Foi mesmo diferente. E agora, apesar de estarem casados, para já estão a morar ela em Estocolmo e ele não sei onde por causa do trabalho e estudos (Mestrado) que estão a fazer. É comum isto acontecer. Por exemplo, até há uns meses atrás, a mãe do Johan estava em Linköping e o pai dele em Malmö...
Isto tudo para dizer que estou a gostar de aqui estar e que me consigo imaginar a morar cá melhor do que me imagino a morar em Portugal. Só sinto falta da família e amigos; dos gatos e da comida da minha mãe! E do sol claro...
E por falar nisso, está a nevar outra vez...

03/03/2009

E tudo a neve levou...

Voltou a nevar ontem. Qualquer semelhança dos dias anteriores com a Primavera é portanto mera coincidência.
Há quem possa pensar que descabido dizer os escandinavos ficam deprimidos com mais facilidade que o resto dos europeus por causa da falta de Sol. Mas experimentem a acordar às 6h para se prepararem para a escola ou trabalho (cuja hora normal para começar é 8h) e ainda estar escuro e sair da escola ou do trabalho (às 4h ou 5h) e já estar escuro... É deveras deprimente. Também é verdade que os dias rapidamente começam a ficar mais longos (em Dezembro era assim, mas agora já há luz durante muito mais horas, isto é, cerca de 10 horas e meia em vez de ). E também é verdade que no Verão o Sol quase não se põe: às 4h da manhã já é de dia e já os pássaros não se calam!
O que é certo é que dá um bocado a volta à cabeça...
É engraçado como o facto de o Inverno durar tanto tempo por cá poder explicar tanto sobre a cultura sueca. A comida é geralmente apresentada em porções pequenas e em muita variedade, como por exemplo, os doces e comidas típicos da altura do Natal: pepparkakor (ver primeira foto), kanelbullar, lussekatter (ver segunda foto), sill, knäck, saffransbröd, köttbullar... Assim, leva tempo a fazer e há muito para olhar e para comer.
Quanto aos verbos, em sueco há imensos verbos para tarefas que se podem fazer dentro de casa, por exemplo há pelo menos 3 formas diferentes para dizer cortar: klippa com uma tesoura (por exemplo, papel ou cabelo), skära com uma faca (por exemplo, pão ou carne), hugga com um machado (por exemplo, madeira) . E acontece algo semelhante para muitos outros verbos - de momento, não me lembro de mais nenhum, mas pronto...
Outra coisa engraçada, é o facto de se acender uma vela por cada semana do advento e ter em cada janela um pirâmide de velas (a maior parte das vezes, são lâmpadas em forma de velas) que estão quase sempre acesas (porque está quase sempre escuro) e as luzes e decorações de Natal perduram até muito depois do Natal.
De facto, uma pessoa tem de se entreter até o Inverno passar...