26/03/2009

Knäckflarn med Chokladkräm

Knäckflarn med chokladkräm
Quanto a este nome posso esclarecer que knäck quer dizer algo que é estaladiço e chokladkräm é creme de chocolate. Mas não sei o que flarn quer dizer...

Ingredientes (para 25 bolachas duplas):
150g manteiga
1,5dl açúcar
0,5dl natas para bater
0,5dl sirup
2dl flocos de aveia
2dl farinha
0,5 colher chá fermento
1 colher chá açúcar baunilhado

Ingredientes (para o creme de chocolate):
100g manteiga (temperatura ambiente)
1,5 colher sopa cacau em pó
3 colheres sopa açúcar
1 gema

Preparação:
- Forno a 200ºC. Derreter a manteiga e misturar com todos os outros ingredientes até obter uma massa homogénea.
- Colocar pequenas bolas de massa num tabuleiro coberto com papel vegetal. Deixar bastante espaço entre elas para não se pegarem enquanto cozem; cerca de 8 bolachas por tabuleiro).
- Deixar cozer no meio do forno durante 10 minutos até terem obtido uma côr acastanhada. Se não se deixar tempo suficiente, ficam muito moles. Retirar do forno e deixar arrefecer um pouco e mudar para outro prato.
- Misturar os ingredientes do creme de chocolate. Quando as bolachas estiverem frias, barrar uma bolacha e juntar com outra bolachas.

Sugestões: Em vez do creme de chocolate no meio, pode apenas derreter-se chocolate com um bocado de manteiga e deitar por cima das bolachas a fazer umas riscas. Também experimentei e fica óptimo! Também se podem misturar amendoins, nozes ou amêndoas nas bolachas mas têm de ser em pedaços para que elas não percam a consistência.

É capaz de ser difícil arranjar sirup em Portugal, por isso vou levar uma embalagem quando for aí na Páscoa. Também é muito boa a sirup com panquecas. Humm, panquecas...

Det går bra!

Det går bra significa vai bem ou corre bem. Pode responder-se se alguém nos pergunta como estão as coisas, ou a escola, ou o trabalho... E parece que o Sueco går bra, porque mudei para uma turma mais avançada. Agora é só a trabalheira para fazer o trabalho que esta turma já tinha feito, ou seja, 3 capítulos do livro...
No entanto, não me importo nada, porque quer dizer que estou a progredir e que talvez consiga passar o nível D até ao final deste ano lectivo. Depois vem o curso Svenska som Andra Språk (SAS) que quer dizer Sueco como Segunda Língua e a seguir um curso de Sueco com nível de Ensino Secundário. Depois disso, já posso entrar na universidade, se quiser. Não sei se quero.
De qualquer forma, det går bra! (depois posso-vos ensinar umas coisas nas férias)
Pois é, e por falar em férias, este verão as minhas vão ser curtas. Aqui as aulas acabam em Junho, em geral e recomeçam nas últimas semanas de Agosto. Isto quer dizer que não vou poder passar muito tempo em Portugal a apanhar Sol e a comer coisas boas. :( Para além de as férias serem curtas, gostava de arranjar um trabalho de verão para me entreter até Julho e não sei bem por quanto tempo será...
Já lá vai tempo em que as férias eram apenas uma sucessão de dias sem nada para fazer e com bom tempo lá fora. Que saudades...
À bocado fiz uma sopa de legumes numa tentativa de imitar a sopa da minha mãe. Até que nem ficou má, mas não é a mesma coisa. O que me apetece mesmo é fazer bolos, biscoitos e bolachas, mas depois somos só dois a comê-los... Por falar nisso, vou postar aqui a receita daquelas bolachas chamadas Knäckflarn med Chokladkräm (em Português, claro).

22/03/2009

Ukulele Orchestra?! Kaiser Chiefs?! Ruby?!

Fantástico!
Tenho de mostrar isto ao Simon!

21/03/2009

Finalmente!

Já chegou a Primavera! Aqui também. Ontem foi o Equinócio de Primavera o que quer dizer que supostamente o dia e a noite tiveram exactamente a mesma duração. Aqui não é bem assim porque o sol agora nasce às 5:57 e põe-se às 18:14. Claro que as temperaturas continuam a ser pouco amigáveis por cá: amanhã prevê-se neve ligeira com máxima de 2ºC e mínima de -3ºC e a piorar ligeiramente até quarta feira...
Ao menos não podemos dizer que não nos avisam!
Por isso, é melhor aproveitar todo o tempo que se tenha para estar na rua ao Sol porque não vai haver muito. Mal posso pelas férias da Páscoa para ir a Portugal e me empanturrar de Sol, comida boa e de mimos! Isso é que vai ser! Como se não houvesse amanhã!
Bem, não consigo lembrar-me de mais nada para escrever para já... Como já tenho as fotos do meu telemóvel no computador, acho que vou espalhá-las pelo blog e tal.

18/03/2009

Adio, adieux, auf wiedersehen, goodbye...

Pois, a minha bicicleta não tem remédio... Confirmámos o diagnóstico no sábado passado: cilindro da roda de trás torcido e gasto; só fazendo transplante.
E por falar em diagnóstico, pensei que tinha lido num lado qualquer que o Dr. House, a minha série preferida (e única) só iria voltar em Abril e qual não foi o meu espanto ao ver no Side Reel que afinal já havia mais dois episódios de entre os quais o último tem um gato! Obviamente, que os vi assim que tive tempo.
E por falar em gatos: aqui perto, numa terra chamada Hallsberg há uma casa-abrigo para gatos chamada Spinnhuset, que quer dizer A casa do 'ronrono'. Nas casas-abrigo de cá, quando se quer um gato, tem de se pagar (no caso desta, 800 coroas, que é mais ou menos 80€) e eles vão a nossa casa ver se o gato vai para um bom lar. Claro que o gato já vem vacinado, esterilizado e tudo. Infelizmente, não posso ir lá buscar um ou dois por três razões: não temos espaço, ambos temos alergia e, por último, dinheiro, falta de. Mas há sempre a possibilidade de fazer voluntariado lá...
Hoje, quando vim da escola onde tenho aulas de sueco, pareceu-me ver o Simon, mas claro que não era ele. Não só porque ele está em Copenhaga, cerca de 500 km daqui, mas também porque ele já não tem a bicicleta vermelha dos bombeiros...
Não sei bem o que posso fazer... Preciso mesmo de um passatempo. Se alguém tiver sugestões...

17/03/2009

Se eu tivesse direito a opinião...

Diria que detesto não fazer nada e o sentimento de estar a desperdiçar tempo precioso.
Diria que detesto televisão e jogos de computador porque nos afastam uns dos outros e nos aliviam do silêncio desconfortável que de outro modo nos obrigaria a falar uns com os outros.
Diria que vou comer tanto chocolate, gelado e batatas fritas quanto me apeteça e fazia-o.
Diria que vou comprar algo porque acho que é uma boa compra e comprava-o.
Diria que não aceitava comentários destrutivos que só me fazem sentir mal e simplesmente mostrava-lhes o dedo médio.
Diria que de vez em quando me canso de fazer esforços e não receber nada por isso.
Diria que as coisas seriam melhores se fossem mesmo iguais.
Diria que me sentiria melhor se me fosse reconhecido algum mérito.
Diria que não me interessa o que se passa no mundo dos homens porque eles mesmos criaram esses problemas e não me parece que eu os consiga resolver.
Diria que me apetece viajar e fazer vida de gente rica para toda a vida.
Diria que todos os dias vou cozinhar bolos, biscoitos, bolachas e tartes porque isso me faz feliz.
Diria que vou gastar o meu dinheiro nas porcarias que me apetecer mesmo que sejam inúteis, desde que goste delas.
Diria que não quero mais saber de ajudar pessoas porque as pessoas não querem saber de me ajudar a mim.

Sim, diria muita coisa, eu... se tivesse direito a opinião.
Mas não tenho.

14/03/2009

Grattis på födelsedagen paixão!


Ontem fiz uma tarte de chocolate que se chama Tarte de Chocolate Francesa e umas bolachas com um recheio de chocolate chamadas knäckflarn med chokladkräm. Queria que ficasse perfeito porque hoje é o aniversário do Johan, mas claro que não correu como eu esperava: esqueci-me de pôr a farinha na massa da tarte e as bolachas ficaram um bocado esturricadas à volta. De qualquer forma, tinha tudo um aspecto apetitoso e estava tudo muito bom. E claro, como é doce tenho a certeza que os restos não vão andar por aqui a rebolar muito tempo.
De resto, ele recebeu uma quantidade grande de dinheiro dos pais como prenda e eles trouxeram também algumas prendas para a casa (um conjunto com alguns tachos, uma taça de vidro meia transparente, decorações para a Páscoa, um temporizador de areia de 3 minutos para cozer os ovos e, como não podia deixar de ser, flores.).
Para além dos doces, prendas, do jantar com comida grega, das flores... também vimos o Melodie Festivalen que é basicamente o concurso em que se escolhe a música que irá ao Festival Eurovisão. De entre os 11 que foram a esta emissão final (antes deste já tinha havido 4 programas, por isso vejam lá a importância de dão a este concurso) acabou por ganhar uma canção chamada La Voix com parte da letra em Inglês e parte em Francês e que tinha muitas parecenças com ópera. Por acaso nem era a minha preferida mas também não era má de todo. Havia outras mais engraçadas tipo a do Måns, a da Emilia , a dos H.E.A.T. ou a dos EMD.
E foi tudo por hoje. Agora é preciso racionar os doces, senão vai ser uma dor de barriga.

12/03/2009

Qué?

Hoje, tal como a Kika disse, foi um dia melhor. A primeira aula a começar às 8h e mais 2 aulas depois dessa, mas com os alunos a portarem-se bem (wtf?).
Quando saí da IESÖ (Internationella Engeslka Skolan i Örebro) e vinha a caminho de casa, uma moça, por volta da minha idade, dirigiu-se a mim e perguntou-me "Ursäkta, vad är det för datum idag?". Fiquei um bocado aparvalhda por uns instantes não por ela ter falado em sueco mas porque nunca ninguém pergunta a data quando vai a andar na rua. As horas ainda vá que não vá; onde fica algum sítio, é normal, mas que dia é é um bocado estranho.
Mais estranho ainda foi como ela pareceu ficar aliviada quando eu lhe respondi "Den tolfte.". Acho que nunca vi ninguém ficar tão aliviado por saber qual a data do dia. De qualquer forma, fiquei contente por ter ajudado alguém a ficar tão aliviado.
Tenho mesmo de arranjar alguma coisa com que me entreter. Estou a ficar deprimida porque a única coisa faço para além do trabalho e da escola é escrever neste blog...

11/03/2009

É só mais um dia mau...

Hoje estou com algumas tendências egoístas. Não sei bem porquê, mas há dias em que todos parecem estar a tirar-nos algo que nos pertence e tudo parece estar a correr injustamente mal para nós. Não sei até que ponto é mesmo o mundo que nos está a maltratar e ignorar ou se é apenas a nossa visão que está um pouco mais virada para si própria que nos restantes dias.
A verdade, é que não vale a pena ser egoísta no sentido de esperar que o mundo nos conceda algo extraordinário; é melhor aceitar isso logo de início, baixar as expectativas e não se desiludir. Tanto...
Mesmo assim, hoje é apenas um daqueles dias em que todas as coisas estão a ser oferecidas aos outros, em que as pessoas não se riem para mim nem comigo, tão pouco me prestam atenção. É um daqueles dias em que "mais valia não ter saído de casa".

Pah, tou egoísta hoje. Apetecia-me atenção em grande quantidade, do tamanho daqueles baldes de gelado que as mulheres dos filmes comem enquanto vêem um filme romântico quando estão deprimidas. Um gelado desses talvez fizesse o mesmo efeito...

Baah... Nada que eu possa fazer a não ser tentar ver o lado positivo da coisa, o que é um bocado difícil quando o meu cérebro teima em ver tudo até ao mais "ínfimo grão de poeira cósmica" como algo contra mim...
Anywho, esperemos que amanhã corra melhor. Na 6ª feira vou fazer uma tarte e talvez umas bolachas. E se há coisa que me anima é fazer bolos e coisas doces (não tanto o comê-los... mas também!).

10/03/2009

Em Portugal temos muitos tipos de chuva...

Na Suécia temos muitos tipos de neve!
Pois é, nem sei bem como dizer que tempo está agora. Posso definitivamente dizer que não está Sol, que ele hoje não se dignou a sair à rua (também, se o tivesse feito, já estaria na hora de ele ir voltando para casa). De resto, talvez a melhor maneira de caracterizar o tempo que tem feito esta tarde seja dizendo que está nevar chuva ou talvez que está a chover neve... É, parece-me a melhor descrição.
Quando o tempo está assim, apetece-me fazer trabalhos manuais. Basicamente, qualquer coisa que seja suficientemente meticulosa para me entreter durante um período de tempo razoável. Infelizmente, com excepção da internet (sempre generosa quanto a ideias), nada mais está a favor: o espaço é pouco, os materiais ainda menos e o dinheiro, inexistente. Para juntar a isto, a minha bicicleta estragou-se: a luz da frente não funciona e corrente decidiu saltar do sítio e ficar presa noutro de onde eu não a consigo tirar. Cá para nós, acho que o moço que ma vendeu já sabia que ela não ia durar muito. Mas foi bem cara para ser um farronco velho se vai ao ar quase sem ser usado.
Agora só a peduntes ou de autocarro e para quem anda a contar os tostões todos, o autocarro não é opção. Eu cá, não me importo de andar a pé (é exercício físico, mas sem ser preciso um cartão de sócio com pagamento mensal) e as paisagens por aqui são muito bonitas: veêm-se sempre patos, pássaros, árvores e quase sempre gatos, entre muitas outras coisas. E como não há imensos carros nem prédios, até é bastante agradável. As únicas chatices são quando estamos com pressa ou quando vamos às compras. Aí geralmente amaldiçoam-se os pés que não andam mais depressa, as bicicletas que estão estragadas, o carro que não existe ou o dinheiro que só desaparece...
Para me entreter, então, escrevo aqui (daí que tenha escrito mais ultimamente) ou faço listas de coisas que gostava de fazer (mas para as quais não tenho materiais) para não me esquecer. Algumas ideias são interessantes. Talvez um dia o meu blog sofra uma metamorfose... Nãh, acho que faço outro.
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08/03/2009

Hum...


Ontem fomos a Estocolmo porque era o dia de anos da Malin - esposa do Daniel, um dos irmãos do Johan (digo "esposa" porque me soa muito estranho dizer "mulher"; não sei porquê...). Estava um frio desgraçado, mas mesmo assim andámos pela cidade numa tentativa de sight-seeing. Pareceu-me uma cidade muito bonita, por isso, imagino que no verão seja deslumbrante. A parte que gostei mais foi a cidade velha, onde as ruas são estreitas (a rua mais estreita, tem apenas 90cm de largura) e as casas são uma de cada qualidade e cor e estão um bocado inclinadas, ora para aqui, ora para ali. Também passámos pelo Palácio Real que será restaurado entretanto com dinheiro do município (parece que o rei aqui não é assim tão rico quanto isso...) porque a princesa herdeira, Victoria, vai-se casar em breve (não sei se será já neste verão ou no próximo) com um moço daqui de Örebro. Ah, também vimos a igreja onde ela se vai casar. Deve ser uma festarola daquelas...
As lojas de souvenirs aqui vendem cavalos de madeira chamados Dalahäst de cores diferentes, chapéus de viquingues e peluches de alces.
Podem dizer que os suecos são distantes e frios, mas até agora tenho-os achado muito simpáticos. Também é verdade que só tenho contactado com a família do Johan e pouco mais e também é verdade que onde quer que se vá, tratam-se sempre bem os acompanhantes dos membros da família, por isso não seria de esperar que toda a família dele me tratasse de outro modo senão bem.
As pessoas aqui não ajudam caso isso lhes possa causar algum incómodo: é tão normal dizer "não" como dizer "sim". Por exemplo, quando se pede aos avós para cuidarem dos netos durante o fim de semana nem sempre se recebe um "sim" como resposta: os avós se calhar também querem ir passear eles mesmos. Apesar de ainda achar isto um bocado estranho, começo a pensar que se calhar devíamos aprender a ser um pouco assim. Os pais têm o dever de educar e cuidar dos filhos e é sempre bom ajudar e receber ajuda, mas nunca devemos esquecer as nossas próprias aspirações. Talvez não devessemos ter filhos, simplesmente.
Anywho, ja perdi completamente sobre o que ia escrever...
Em Setembro estive no casamento da Malin e do Daniel em Vaasa, na Finlândia. Foi bastante diferente do que o que eu estava habituada: uma igreja sem imagens de santo algum (igreja protestante), apenas 90 convidados, nada de exageros de comida... Foi mesmo diferente. E agora, apesar de estarem casados, para já estão a morar ela em Estocolmo e ele não sei onde por causa do trabalho e estudos (Mestrado) que estão a fazer. É comum isto acontecer. Por exemplo, até há uns meses atrás, a mãe do Johan estava em Linköping e o pai dele em Malmö...
Isto tudo para dizer que estou a gostar de aqui estar e que me consigo imaginar a morar cá melhor do que me imagino a morar em Portugal. Só sinto falta da família e amigos; dos gatos e da comida da minha mãe! E do sol claro...
E por falar nisso, está a nevar outra vez...

03/03/2009

E tudo a neve levou...

Voltou a nevar ontem. Qualquer semelhança dos dias anteriores com a Primavera é portanto mera coincidência.
Há quem possa pensar que descabido dizer os escandinavos ficam deprimidos com mais facilidade que o resto dos europeus por causa da falta de Sol. Mas experimentem a acordar às 6h para se prepararem para a escola ou trabalho (cuja hora normal para começar é 8h) e ainda estar escuro e sair da escola ou do trabalho (às 4h ou 5h) e já estar escuro... É deveras deprimente. Também é verdade que os dias rapidamente começam a ficar mais longos (em Dezembro era assim, mas agora já há luz durante muito mais horas, isto é, cerca de 10 horas e meia em vez de ). E também é verdade que no Verão o Sol quase não se põe: às 4h da manhã já é de dia e já os pássaros não se calam!
O que é certo é que dá um bocado a volta à cabeça...
É engraçado como o facto de o Inverno durar tanto tempo por cá poder explicar tanto sobre a cultura sueca. A comida é geralmente apresentada em porções pequenas e em muita variedade, como por exemplo, os doces e comidas típicos da altura do Natal: pepparkakor (ver primeira foto), kanelbullar, lussekatter (ver segunda foto), sill, knäck, saffransbröd, köttbullar... Assim, leva tempo a fazer e há muito para olhar e para comer.
Quanto aos verbos, em sueco há imensos verbos para tarefas que se podem fazer dentro de casa, por exemplo há pelo menos 3 formas diferentes para dizer cortar: klippa com uma tesoura (por exemplo, papel ou cabelo), skära com uma faca (por exemplo, pão ou carne), hugga com um machado (por exemplo, madeira) . E acontece algo semelhante para muitos outros verbos - de momento, não me lembro de mais nenhum, mas pronto...
Outra coisa engraçada, é o facto de se acender uma vela por cada semana do advento e ter em cada janela um pirâmide de velas (a maior parte das vezes, são lâmpadas em forma de velas) que estão quase sempre acesas (porque está quase sempre escuro) e as luzes e decorações de Natal perduram até muito depois do Natal.
De facto, uma pessoa tem de se entreter até o Inverno passar...

01/03/2009

Parece-me que só falo do tempo...

E parece-me bem! No outro dia a neve começou a derreter e esteve bastante sol. Poderíamos ser levados a pensar que a Primavera estava já a caminho... Nah, ainda vem aí mais neve e frio, que o Inverno aqui não é para meninos! Mas que este solinho de pré-Primavera sabe mesmo bem, sabe.
Ontem vi o filme Blindness, baseado no livro Ensaio sobre a Cegueira que concedeu o Prémio Nobel (só a título de curiosidade, Alfred Nobel foi, aliás um senhor sueco que inventou a dinamite) ao senhor José Saramago. Nunca li o livro, só li o Ensaio sobre a Lucidez (que é suposto ser uma continuação), mas agora percebi algumas coisas um pouco melhor.
É interessante apercebermo-nos no filme que quando todos ficam cegos (não na escuridão, mas na luz) não há empatia pelo sofrimento dos outros porque todos estão na mesma situação. Há sim um pânico geral e pedido de ajuda. Mas após ser atingida a fase de aceitação, quando todos estão "habituados" à sua nova vida, não há grandes mudanças: os que eram "bons" continuam "bons" e os que eram "maus" continuam "maus". Como diz o Bartender (mais tarde, o Rei da Ala Três), uma das personagens do filme, "Ele é cego; isso não o torna bom ou mau, só o torna cego".
Faz-me pensar se alguma vez realmente mudamos... Adaptamo-nos às situações que surgem a cada dia, mas passados anos e anos continuamos marcados por pequenos acontecimentos da nossa infância, da escola, do trabalho... Não que seja mau que esses acontecimentos tenham sucedido, quer tenham sido positivos ou negativos, porque no final somos apenas o resultados do que todos esses acontecimentos criaram em nós. António Aleixo, poeta algarvio, escreveu

Não sou esperto nem bruto
Nem bem nem mal educado;
Sou simplesmente o produto
do meio em que fui criado.

Não gosto de pensar no ser humano como um ser sem vontade própria e pré-destinado a certos actos, mas talvez não sejamos assim tão livres como pensamos que somos. Talvez estejamos mais confinados a nós próprios do que desejaríamos.