05/05/2009

Há pessoas que são laranjas...

Há outras que são copos... Cá para mim, acho que ainda há um terceiro tipo: as pessoas que bebem sumo de laranja num copo!
Deixem-me esclarecer isto antes que pensem que ando a delirar com frutas.
As laranjas espremem-se para dar sumo, logo, pessoas que são como laranjas serão pessoas que se "espremem" para dar "sumo" às outras. Depois há os copos, aquele tipo de pessoas que recebe o sumo e o passa em diante para outras. Essas outras, as últimas, são as pessoas que bebem sumo de laranja num copo. Apenas bebem o sumo. Talvez se lembrem de lavar o copo, mas muito raramente se lembram da laranja.
A minha mãe costuma dizer que "há uns que nascem para servir e outros que nascem para ser servidos"; há quem diga, de uma forma mais corriqueira, que "há uns que f*dem e outros que são f*didos" - há conta de se escreverem as asneiras com um asterisco censor acabo por nunca saber se em vez dele, do dito asterisco, se deva escrever um u ou um o - mas asneiras à parte, parece ser bem verdade.
Se bem que se pensarmos um pouco naquilo que nos ensinaram quando eramos pequenos - pequeninos de ir à escola infantil (ou escola de freiras, para os mais velhos) - vemos facilmente a discrepância dos conhecimentos.
Quando eramos pequenos ensinaram-nos que partilhar e repartir com os colegas e amigos era algo louvável, mas quando crescemos vemos que na realidade, o mundo não passa de um "toma lá, dá cá" em que ninguém dá nada a ninguém sem esperar alguma coisa em troca e em que, se alguém é generoso e realmente dá (apenas dá, sem vírgulas, mas ou condições a seguir) é porque é um totó de quem todos se aproveitam.
Aprendemos na escola sobre grandes obras da nossa literatura e da literatura dos outros, se tivermos tempo que chegue, mas na vida real poucos sabem falar e escrever como deve de ser (quando eu tenho dúvidas, tenho de me fiar no que diz o Wiktionary e o Google Translator) e, mais importante, poucos sabem ouvir e interpretar.
Ensinam-nos que devemos ser organizados, ter as contas em dia e não contrair dívidas, mas ninguém quer pôr dinheiro na mão dos miúdos para que eles aprendam a geri-lo e acima de tudo ninguém está disposto a aconselhar sobre como o fazer.
Sempre que há problemas na escola, por exemplo, quando o(a) filho(a) tem más notas, a culpa, segundo os pais, é, não do(a) miúdo(a), claro porque esse(a) não poderia ter qualquer responsabilidade, mas dos professores, dos colegas, da turma, das empregadas, da escola, da cantina, do bar, do ginásio, do autocarro, do tempo e do sei lá mais, mas não do menino(a) que coitadinho(a) tem que estudar tanto, apesar de a única tarefa do(a) garoto(a) ser estudar.
Dizem-nos que devemos ter a nossa própria opinião e lutar pelo que acreditamos, mas depois se tiverem ideias muito fora, é-se a ovelha negra da família e não se consegue integrar em grupo nenhum, para além do que ainda há quem faça troça da ingenuidade de agir segundo os princípios que se tem.
Portanto, durante o nosso crescimento e aprendizagem, recebemos informações e ideias contrárias e que chocam umas contra as outras e a conclusão que cada um tira daí e usa como conhecimento base para interagir com a sociedade depende de essência da pessoa: laranja, copo ou pessoa bebedora sumo de laranja num copo.
É, há muitas pessoas que bebem sumo de laranja num copo. Também há alguns copos, mas, podendo ser a minoria, as laranjas acabam por sofrer mais com isso.
Por hoje chega de metáforas com frutas que as minhas costas já me doem (para tal, teriam de ter parado de doer, o que definitivamente não aconteceu, senão eu tinha dado por isso). À conta da dor de costas, não há escola nem trabalho nem movimento nenhum, que até o não-movimento faz doer. Acaba-se por dar valor ao facto de nos podermos mexer só porque queremos. Saúde a todos!

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