28/04/2009

Ver-se livre de cinquenta coisas!

Hoje li um artigo sobre um livro chamado "Throw Out Fifty Things: Clear the Clutter, Find Your Life" (para quem não sabe o que clutter quer dizer, clutter significa tralha) de uma senhora chamada Gail Blanke.
A tralha não tem de ser necessariamente física, como papéis ou roupas espalhados, também pode ser mental, como por exemplo perfeccionismo ou mágoas. O que é certo é que a tralha se vai acumulando, tanto na nossa casa sob a forma de coisas de que já não precisamos, como na nossa mente sob a forma de pensamentos e preocupações, e com tanta confusão acaba por ser difícil ver a realidade e é dessa tralha que temos de nos livrar. Arrumar a casa e a cabeça; pôr as coisas e as ideias no sítio; planear com objectivos claros e realistas.
Para muitas pessoas pode parecer uma seca. Estou mesmo a imaginar a Kika e a Catarina a dizerem que só mesmo eu é que só penso em arrumar, organizar e fazer listas, mas a verdade é que ajuda imenso. Ao ver uma lista de coisas para fazer que tem finalmente todos os items marcados como feitos, tem um impacto muito positivo na nossa percepção de nós mesmos. Para além disso ficamos com a certeza de não nos termos esquecido de nada.
Claro que tudo isto funciona muito melhor quando se tem a vida relativamente organizada e não tão bem quando há imenso factores imprevistos, mas esses, quando vierem, a gente lida com eles o melhor que possa.
Assim de repente pode parecer fácil ver-se livre de tralha, mas às vezes estamos num dia daqueles em que tudo é lixo e já não queremos, ou estamos num dia em que tudo tem um valor sentimental e queremos guardar tudo. Não é fácil. O melhor mesmo é não acumular tralha, mas isso, já se sabe, é impossível!

25/04/2009

25 de Abril

Como tinha prometido cá estão as fotos que provam que a Primavera já chegou cá! É impressionante a quantidade de flores que se vêem por todo o lado.



Devem ter reparado que escrevi a palavra vêem acima. Tenho sempre problemas com o verbo ver no Presente do Indicativo e isto acontece devido ao verbo ter no mesmo tempo verbal. Porque é que fazemos o som do "ê" depois do som do "e" mas escrevemos ao contrário? Não faz muito sentido e para além do mais, quando se pensa no verbo ter acaba por se ficar confuso com o verbo ver.
É curioso como isto se pode aplicar à vida fora da gramática. Na realidade, é mesmo difícil ver muitas coisas quando se pensa no ter. Não quero com isto dizer que ter é mau e ver é bom. Algumas vezes é, alguns vezes não. Muitas vezes não ver ajuda a viver sem se reparar no que não se tem, tornando a vida mais suportável. Por outro lado, quando se tem algo, é difícil ver como seria se não o tivéssemos. Há muito para nos nublar a vista e nos fazer esquecer daquilo que devíamos ter e não temos.
Isto lembra-me que é 25 de Abril hoje. Dia da Revolução dos cravos, a única revolução do povo Português. Pergunto-me muitas vezes como os Portugueses, que costumavam ser tão aventureiros e empreendedores por alturas do século XV, se tornaram num povo submisso e conformado com tudo o que lhe põem à frente. Costumo dizer que os aventureiros partiram nos barcos e só ficaram por cá os Velhos do Restelo que não tinham coragem para mais senão para criticar a coragem daqueles que se meteram nos barcos e partiram.
O que é certo é que tivemos uma revolução e o facto de a termos tido, ocultou-nos o facto de ter sido uma coisa muito pobrezinha: uns queriam fazer uma revolução e foram ter com quem mandava para a fazer e depois quem mandava disse "Pronto, está bem! A gente deixa-vos fazer a revolução." Por acaso acabou por ser suficiente para mudar alguma coisa.
Não digo que foi mal feito ou que eu teria feito melhor, nem tão pouco estou a querer minimizar a luta daqueles que realmente lutaram. Estou apenas a tentar perceber porque é que a nossa Revolução para ter de volta a Liberdade foi algo tão pequeno, quando éramos tantos a sofrer pela falta de uma Liberdade à qual não damos valor hoje porque já nos habituámos a tê-la.
Hoje temos essa Liberdade que alguns pensaram estar a conquistar de volta num 25 de Abril de 1974 e não a usamos.
Queixamo-nos do governo e do estado do país mas "se quisermos encontrar algum culpado só temos de olhar para um espelho". Qual de nós nunca aceitou uma ajuda de uma cunhazita? Qual de nós nunca ocultou um pouco da verdade para obter mais benefícios? Qual de nós nunca disse ou prometeu uma coisa e depois fez outra? Qual de nós nunca tentou fugir à responsabilidade, deitando as culpas para cima de qualquer outro?
O país está mal, a culpa é do governo. É só corrupção no futebol e na política, mas vou só ali buscar um atestado médico do qual não preciso para poder ficar uns dias em casa e receber algum dinheiro. Os alunos não aprendem nada, não porque não estudam, mas porque os professores não prestam. Os alunos ricos têm bolsa de estudo e os alunos pobres ainda recebem menos bolsa que os ricos. Tratam-se melhor os estrangeiros que vêm a Portugal do que os Portugueses que por lá passam.
Eu sei que nem tudo é assim tão linear e que há muito boa gente em Portugal, que trabalha e desconta honestamente. Mas há tanta que não o faz e a que faz, por se ver tão injustiçada, acaba por se corromper quando a oportunidade aparece.
Eu perdi a fé em Portugal há muito tempo. Lembro de alguém me dizer um dia que eu estava a ser egoísta porque estudei no meu país, sempre a usufruir do que o país me proporcionou e agora que era a altura de eu dar algo em troca, eu estava a virar as costas e a fugir à minha responsabilidade de cidadão.
Não me lembro o que respondi a essa pessoa, mas posso dizer agora que nunca usufrui de nada que o país me desse. Se tive educação e comida foi porque os meus pais se mataram a trabalhar e só gozaram férias duas ou três vezes em 25 anos; foi porque só jantámos num restaurante umas 10 vezes em 25 anos; foi porque não comprámos uma televisão do tamanho da parede da sala de estar, nem uma aparelhagem com potência para fazer a festa da Loureira, nem um carro novo quando os velhos que temos começaram a queixar-se que eram velhos demais, nem uns móveis de cozinha novos. Se pude estudar fora do país foi porque eles se esmifraram para tentar dar-me o dinheiro necessário para eu sobreviver lá porque sabiam que era uma grande oportunidade para mim.
Agora não me venham com tretas! Tudo o que tive e tenho agora, tudo o que sou devo-o aos meus pais, à minha família e aos poucos amigos que tenho. Não ao país que nunca quis saber de mim a não ser para pagar livros da escola e propinas.

Perdi a minha fé em Portugal há muito tempo e apesar das saudades da família, dos amigos, da comida e do sol, se tivesse tudo isso comigo em qualquer outro lugar do mundo, diria que aí é a minha casa.

15/04/2009

Dinheiro para todos!

No outro dia mandaram-me um email com um daqueles powerpoints em anexo que ou são muito lamechas ou muito irritantes. Este era de alguém que estava muito irritado (para ser um bocadinho diferente do normal). O autor(a) desse powerpoint escrevia que os estados devem imenso dinheiro (vários milhões de dólares) aos bancos e que se se dividisse todo esse dinheiro por todos os cidadãos do país, ainda calhavam um milhõezitos a cada um. E assim ficávamos todos milionários...
Claro que isto soa como um ultraje para o cidadão comum que já tinha o dinheiro antes e agora ainda por cima em tempo de crise. Mas posso dizer-vos que apesar de soar muito bonito, não é mais que uma falácia de quem não percebe nada de Economia. Aliás, nem é preciso saber algo de Economia; basta pensarmos um bocadinho usando o nosso senso comum e conhecimento de causa da sociedade.
Suponhamos então que agora de repente cada um dos 11 milhões de portugueses recebia uns milhõezitos de euros. Não me lembro ao certo quanto dizia no powerpoint (talvez uns 10 milhões), mas vamos assumir uns 5 milhões de euros. Supondo que a maior parte das pessoas quereria pagar as dívidas (eu sei que há muitos que não se preocupam com isso), mesmo depois de o fazer, ainda haveria bastante dinheiro para gastar.
A maior parte das pessoas certamente pensaria "Não vale a pena ir trabalhar, agora que tenho tanto dinheiro e até porque o meu trabalho não é nada bem pago!". E de repente tudo deixaria de produzir. Ninguém trabalharia numa fábrica de carros por menos de uns milhões por dia porque esse dinheiro já a pessoa tinha. Os carros, como tinham ficado muito caros na construção, seriam vendidos a preços exorbitantes (biliões ou sei lá que mais) e, tal como os carros, tudo aumentaria de preço: nenhum padeiro se iria levantar às 4 horas da manhã para fazer pão a não ser que fosse pago a centenas de euros à hora; o pão seria, por conseguinte, caríssimo e todos os bens se tornariam extremamente caros. A única diferença é que agora todos tinham milhões para comprar os bens que também custam milhões. Na realidade, voltaríamos ao mesmo ponto de antes de receber o dinheiro todo, mas a moeda não valeria nada...
Teríamos apenas a ilusão de sermos ricos...

Antes tinha a ilusão de que podíamos ter um mundo em que todos tivessem dinheiro e vivessem igualmente bem, mas à medida que crescemos e começamos a perceber um bocadinho mais de como o mundo funciona, também nos apercebemos de que isso não é possível. O mundo vai ser sempre um lugar de diferenças e injustiças, porque a própria vida não é justa.
No entanto, acredito que seja possível um mundo em que todos tenham pelo menos acesso a água, comida, educação e saúde. Mas provavelmente, uma vez resolvidos esses pontos, apareceriam outros problemas que tomariam o lugar de problemas de países de terceiro mundo, como o stress, a competição, a depressão, etc...
A verdade, é que não passamos de uns insatisfeitos...

03/04/2009

A Primavera já chegou!!!

E eu ia toda contente passar as fotos que provam isso mesmo do meu telemóvel para o computador para as poder pôr aqui, mas apaguei-as acidentalmente... Por duas vezes...
Que é preciso ter azar...
Vão ter de acreditar no que eu digo. E a verdade é que, apesar de estar sempre frio de manhã e ao fim da tarde, durante o dia tem estado um sol radioso. Só tenho pena de o apartamento não estar virado para o lado onde o Sol está o tempo todo. Em vez disso, temos só três janelas viradas para a sombra e com vista para as varandas ensolaradas dos prédios de trás. Que inveja! Mal posso esperar por mudarmos para um apartamento maior, com uma varanda e sol.
Entretanto, vamos estando por aqui, mesmo ao pé da Universidade e um bocado fora da cidade propriamente dita. Isso faz-me ter que andar cerca de 4,5 km por dia para ir e vir da escola. É um bom exercício mas às vezes não apetece mesmo nada...
Bem, se recuperar as fotos, isto é, se tiver hipótese de tirar outras, depois ponho-as aqui.