01/03/2009

Parece-me que só falo do tempo...

E parece-me bem! No outro dia a neve começou a derreter e esteve bastante sol. Poderíamos ser levados a pensar que a Primavera estava já a caminho... Nah, ainda vem aí mais neve e frio, que o Inverno aqui não é para meninos! Mas que este solinho de pré-Primavera sabe mesmo bem, sabe.
Ontem vi o filme Blindness, baseado no livro Ensaio sobre a Cegueira que concedeu o Prémio Nobel (só a título de curiosidade, Alfred Nobel foi, aliás um senhor sueco que inventou a dinamite) ao senhor José Saramago. Nunca li o livro, só li o Ensaio sobre a Lucidez (que é suposto ser uma continuação), mas agora percebi algumas coisas um pouco melhor.
É interessante apercebermo-nos no filme que quando todos ficam cegos (não na escuridão, mas na luz) não há empatia pelo sofrimento dos outros porque todos estão na mesma situação. Há sim um pânico geral e pedido de ajuda. Mas após ser atingida a fase de aceitação, quando todos estão "habituados" à sua nova vida, não há grandes mudanças: os que eram "bons" continuam "bons" e os que eram "maus" continuam "maus". Como diz o Bartender (mais tarde, o Rei da Ala Três), uma das personagens do filme, "Ele é cego; isso não o torna bom ou mau, só o torna cego".
Faz-me pensar se alguma vez realmente mudamos... Adaptamo-nos às situações que surgem a cada dia, mas passados anos e anos continuamos marcados por pequenos acontecimentos da nossa infância, da escola, do trabalho... Não que seja mau que esses acontecimentos tenham sucedido, quer tenham sido positivos ou negativos, porque no final somos apenas o resultados do que todos esses acontecimentos criaram em nós. António Aleixo, poeta algarvio, escreveu

Não sou esperto nem bruto
Nem bem nem mal educado;
Sou simplesmente o produto
do meio em que fui criado.

Não gosto de pensar no ser humano como um ser sem vontade própria e pré-destinado a certos actos, mas talvez não sejamos assim tão livres como pensamos que somos. Talvez estejamos mais confinados a nós próprios do que desejaríamos.

1 comentário:

  1. Eu ando a ver-me muito influenciada pelo estado do tempo... se está sol eu estou contente e cheia de energia, se está cinzento eu estou 'não me chateiem' e dói-me a cabeça... eu não tenho vontade própria. É o estado do tempo que me controla!

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