Há que tempos...
Ontem não conseguia adormecer apesar do cansaço e de ter de acordar cedo e acabei por me estar a revirar na cama a pensar em coisas esquisitas. Tais como, por que é que adormeço sempre para o lado esquerdo; não interessa para onde me deito, nem quão cansada estou, nem o quanto me tento controlar... No final, naqueles últimos segundos, desisto de tentar, viro-me para o lado esquerdo e adormeço. Nem que para isso tenha de me ter virado para o lado direito para as contas baterem certo.
Isto pôs-me a pensar no quão obstinados somos. Não interessa quantas voltas damos, mas as coisas têm de ser à nossa maneira para ficarmos satisfeitos. Ás vezes até fingimos que não é isso que queremos, viramo-nos para o outro lado para depois recebermos a boa surpresa quando nos viramos para o lado esquerdo, tal e qual como esperávamos.
No mesmo fio de pensamento do lado direito, veio à cabeça a estranheza do ser humano que se consegue unir em causas sem causa - como as pirâmides do mundo moderno, a banda do não-sei-quantos, o itelemóvel, o filme em que para vermos as personagens azuis todos têm de usar óculos, as redes sociais ou um desporto qualquer que é mais fácil (mas menos divertido) de ver do que praticar - mas não nos conseguimos unir em coisas simples, essenciais e obviamente benéficas - como irradicar a fome e doenças curáveis no mundo, promover a literacia, poupar energia, reciclar ou até mesmo em deixarmos de andar a tentar agradar a toda a gente e fazermos algo por nós próprios e aceitarmos a responsabilidade pelo rumo que a nossa vida tomar.
Para além disso pus-me a pensar se realmente queremos dizer "temos mesmo de nos encontrar e tomar café para pôr a conversa em dia" quando encontramos um colega da escola, se é só daquelas coisas bonitas de se dizer que ficam bem na fotografia e no Facebook ou, terceira opção, se realmente sentimos o que dizemos mas depois, por circunstâncias da vida que estão fora do nosso controlo, simplesmente não se concretiza...
Depois entretanto virei-me para o lado esquerdo e adormeci, que já eram horas!
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